domingo, 4 de março de 2012

Pais e filhos

Ninguém questiona o fato de que as mulheres são muito mais presentes na educação das crianças que os homens. Apesar de toda a modernidade, os homens ainda participam pouco da construção do desenvolvimento infantil. O que é muito prejudicial, na medida em que a figura paterna acaba sendo substituída pela própria mãe, amigos ou escola de uma forma um tanto nefasta, pois a presença masculina é insubstituível, eu acho.
O que, excetuando as generalizações, tão comuns, nos permite analisar de uma forma ampla, sem preconceitos, os modelos distintos de conversar com as crianças que cada um excerce na educação dos filhos. Eu morei na roça e lembro que papai tinha uma galinha que era muito engraçada. Ela era muito magra, a chamada galinha pé-seco, mas botava muitos ovos. Que, quando não eram imediatamente devorados, transformavam-se em inumeráveis pintinhos. E era muito difícil pegar algum de seus ovos, pois ela era extremamente agressiva, ao contrário das outras galinhas. Agora depois que os filhotes nasciam, ela se transformava. Nós tinhamos que agarrá-la, pois ela batia neles e não deixava eles se alimentarem. Taí uma exceção à regra. Não que eu queira comparar as mulheres às galinhas, mas apenas para exemplificar o perigo da universalização.
Agora obviamente, mãe é mãe. É quem amamenta, carrega noves meses, aguenta a dor, tem o primeiro contato, nina. Taí uma experiência que nós homens nunca iremos conhecer. E por que eu estou falando isso ? Porque esta semana eu vi uma situação curiosa dentro de um ônibus. Curiosa não, engraçada. Num ônibus os lugares mais cobiçados são, obviamente, os da janela. Isto é, quando não se está fazendo um sol de 40 graus como no Rio de Janeiro, sem ar- condicionado. Então, os melhores ficam sendo os do corredor. Eu estava sentado no banco traseiro, quando chega um pai acompanhado do filho.
- Vai filho, senta lá na janela.
- Não pai, obrigado eu prefiro ficar aqui.
- Mas filho você não gosta da janela ?
- Mas hoje eu quero ficar aqui.
- Por que filho, vai lá pro seu cantinho, vai.
- Quero não, pai.

Lembrei da galinha do quintal do meu pai.

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