" Passava da meia-noite quando eu acordei sobressaltada, estiquei o braço e não o vi ao meu lado. A porta entreaberta deixava entrar um vento gelado e a cachorra latia no quintal. Fui até o portão dos fundos, no quintal, que estranhamente estava escancarado. Estava muito escuro, então eu vi um vulto no quintal perto da árvore e falei:
- Já está fumando escondido de novo, né ? Tu não sabe que essa porcaria só te faz mal ?
Achei estranho porque ele não se mexia e eu não conseguia enxergar nem a fumaça, muito menos a brasa do cigarro. Aproximei-me e então vi a pior cena da minha vida.
- O meu velho, por que fizeste isso com você ? "
Não são poucas as pessoas que, sabendo que eu trabalho com veneno, pedem-me para matar insetos, ratos, pulgas e outros. Invarialvelmente a resposta é a mesma :
- Infelizmente não posso, é perigoso e sabe como é...algumas pessoas...fazem besteiras.
Nem sempre sou compreendido, muitos até deixam de falar comigo. Tudo bem, eu entendo. Não foi diferente com aquela menina simpática e sorridente que vendia umas empadas deliciosas. Bem que eu tinha notado seu olhar um tanto triste.
- Ah Rodrigo, tá cheio de ratos no quintal da minha casa, tu podia me arranjar um pouco.
Diante da minha negativa com posterior explicação dos motivos ela começou a chorar.
- O que aconteceu, por que você está chorando ?
- Meu pai se enforcou na sexta-feira.
- Meu sentimentos, não fica assim. Eu vou orar por ele. E por você. Conte comigo.
`As vezes, como as mães para com os seus filhos, é preciso dizer não para as pessoas queridas. Até para protegê-las delas mesmas.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Um tributo ao Dino e à yorkshire assassinada.
Na semana em que uma cadelinha foi assinada por sua dona- uma enfermeira, pasmem ! -, um tributo a todos os animais de estimação.
Eu gostaria de conhecer o nome da yorkshire, seu dia a dia. Certamente sua vida não era a de um cachorro de madame. Literalmente levava uma vida de cão. Se eu fosse cristão diria ' Deus do céu, como ela teve coragem ? '. E na frente da própria filha. Não acredito em vingança e nem acho que aprisioná-la fará com que ela fique melhor. Acho sinceramente que ela precisa de tratamento, internação inclusive. Porque alguém que faz o que ela fez com um ser indefeso não pode estar em seu juízo perfeito. Ana Beatriz Barbosa está certa quando diz que o psicopata mora ao lado. O que me consola é que agora ela não pode mais fazer nenhum mal à cachorrinha.
As pessoas me perguntam se eu como budista acredito em anjos. Acredito sim, não em anjos alados , mas em anjos que andam por aí na Terra espalhando luz e alegria para as pessoas. Humanos ou não. O Dino era assim. Pensem em um gato carinhoso. Ele era mais do que isso. O tempo todo. Não era egoísta, brincava o dia inteiro, dengoso, não dava trabalho, dormia no teu colo, quase que sorrindo, feliz da vida. Eu lembro que sempre que eu ia visitar minha irmã, lá estava ele no portão a recepcionar as visitas e conduzir até a casa. Sempre que a Luciana saía ele ficava aguardando, não arredava o pé até que ela voltasse.
Qualquer um podia estar triste, era só chegar perto do Dino e o mundo se iluminava, que criatura maravilhosa, parecia que estava dizendo ' obrigado por me acolherem, amo todos vocês, não vou viver muito, por isso quero aproveitar cada minuto '. O Dino se foi hoje e é chorando que eu escrevo este post, porque ele era tão novo, seis anos apenas, e não faz nem uma semana que o veterinário disse que ele estava com câncer. Foi rápido eu sei, um anjo desses não mereceria ficar sofrendo por muito tempo.
" Sometimes I think that I know ( Às vezes eu penso que sei)
What love's all about ( sobre o que se trata o amor )
And when i see the light ( e quando vejo a luz )
I know I''ll be all right " ( sei que estarei bem )
Neil Young
Alguns seres vivem mas já morreram faz é tempo. Outros se foram, mas permanecem no coração da gente.
Eu gostaria de conhecer o nome da yorkshire, seu dia a dia. Certamente sua vida não era a de um cachorro de madame. Literalmente levava uma vida de cão. Se eu fosse cristão diria ' Deus do céu, como ela teve coragem ? '. E na frente da própria filha. Não acredito em vingança e nem acho que aprisioná-la fará com que ela fique melhor. Acho sinceramente que ela precisa de tratamento, internação inclusive. Porque alguém que faz o que ela fez com um ser indefeso não pode estar em seu juízo perfeito. Ana Beatriz Barbosa está certa quando diz que o psicopata mora ao lado. O que me consola é que agora ela não pode mais fazer nenhum mal à cachorrinha.
As pessoas me perguntam se eu como budista acredito em anjos. Acredito sim, não em anjos alados , mas em anjos que andam por aí na Terra espalhando luz e alegria para as pessoas. Humanos ou não. O Dino era assim. Pensem em um gato carinhoso. Ele era mais do que isso. O tempo todo. Não era egoísta, brincava o dia inteiro, dengoso, não dava trabalho, dormia no teu colo, quase que sorrindo, feliz da vida. Eu lembro que sempre que eu ia visitar minha irmã, lá estava ele no portão a recepcionar as visitas e conduzir até a casa. Sempre que a Luciana saía ele ficava aguardando, não arredava o pé até que ela voltasse.
Qualquer um podia estar triste, era só chegar perto do Dino e o mundo se iluminava, que criatura maravilhosa, parecia que estava dizendo ' obrigado por me acolherem, amo todos vocês, não vou viver muito, por isso quero aproveitar cada minuto '. O Dino se foi hoje e é chorando que eu escrevo este post, porque ele era tão novo, seis anos apenas, e não faz nem uma semana que o veterinário disse que ele estava com câncer. Foi rápido eu sei, um anjo desses não mereceria ficar sofrendo por muito tempo.
" Sometimes I think that I know ( Às vezes eu penso que sei)
What love's all about ( sobre o que se trata o amor )
And when i see the light ( e quando vejo a luz )
I know I''ll be all right " ( sei que estarei bem )
Neil Young
Alguns seres vivem mas já morreram faz é tempo. Outros se foram, mas permanecem no coração da gente.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Once upon a time , por Amanda Flores.
Houve uma vez uma garotinha.
Que esperava por príncipes, homens perfeitos, cavalos brancos. Fazia dietas milagrosas, usava roupas de griffe, parcelava no cartão.
Eu sinceramente, acreditava nisso. Vivia uma ilusão de que os homens eram responsáveis por minha felicidade. Agradava-os, anulando a mim mesma. Ouvia-os, confortava, perdoava, esquecia, voltava, ajudava, sempre em detrimento de meus sonhos. Uma babydoll pós- moderna.
E nessa busca desenfreada, louca, subversiva, terminei por anular-me, tornado-se um espectro daquela meninha que achava que podia mudar o mundo.
Mas o tempo passou e caindo eu aprendi. Que podia valorizar-me E que ser feliz só dependia de mim mesma.
Há muito eu deixei de buscar milagres para a minha vida. Viver é o próprio milagre.
Que esperava por príncipes, homens perfeitos, cavalos brancos. Fazia dietas milagrosas, usava roupas de griffe, parcelava no cartão.
Eu sinceramente, acreditava nisso. Vivia uma ilusão de que os homens eram responsáveis por minha felicidade. Agradava-os, anulando a mim mesma. Ouvia-os, confortava, perdoava, esquecia, voltava, ajudava, sempre em detrimento de meus sonhos. Uma babydoll pós- moderna.
E nessa busca desenfreada, louca, subversiva, terminei por anular-me, tornado-se um espectro daquela meninha que achava que podia mudar o mundo.
Mas o tempo passou e caindo eu aprendi. Que podia valorizar-me E que ser feliz só dependia de mim mesma.
Há muito eu deixei de buscar milagres para a minha vida. Viver é o próprio milagre.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Estou guardando o que há de bom em mim, por Amanda Flores.
A ciência ainda não consegue explicar satisfatoriamente o mecanismo que, ativado pelas drogas lícitas e ilícitas, transforma as pessoas que as usam em seres completamente diferentes. Quem já conviveu ou convive com alcoólatras e dependentes químicos como eu sabe o que estou falando. Na maioria das vezes é realçado apenas o aspecto negativo, como agressividade, mau humor e agressões. O que quase ninguém fala é que algumas pessoas também ficam "melhores".
Longe de mim incentivar o uso dessas substâncias, ainda que não sejam conhecidas seus efeitos deletérios em quem nunca as usou. Mas quem não conhece o ranzinza que ficou simpático, o pão-duro que ficou perdulário, o inimigo que virou amigo.
Eu tive um namorado assim. Sóbrio ele era insuportável. Quando bebia, amável, doce, companheiro, amigo, gentil e educado. Nem dá para imaginar, né ? Nunca me esquecerei da primeira vez que ele disse que me amava:
- Amor, me desculpa só te dizer isso agora, bêbado. Um dia eu falo sem álcool na cabeça.
Esse dia nunca chegou. Claro que nem sempre ele ficava assim, cool, às vezes era agressivo como todos os pés- de- cana. Mas isso era muito raro. Eu acho até incrível que eu nunca o tenha incentivado a beber. Muito pelo contrário, lutei anos para que ele parasse.
Hoje mesmo a gente não estando mais junto, eu fico feliz que ele esteja abstêmio. Infelizmente ficou como efeito colateral, o mau humor, a rabugice. Pior do que alguém conviver com ele, deve ser ele mesmo ter que acordar todo dia consigo mesmo.
Ainda assim, não guardo mágoa nem dele nem de nenhum dos meus ex. Como diz Roberto Carlos em A Volta, eu prefiro guardar o que há de bom nas pessoas que passaram em mimha vida.
P.S.: " O rapaz vai na casa da ex-mulher numa tentativa de reconciliação:
- Meu amor, eu pensei melhor, vamos voltar ? Não se lembra dos nossos bons momentos ?
- Lembro sim, afinal foram tão poucos.
Longe de mim incentivar o uso dessas substâncias, ainda que não sejam conhecidas seus efeitos deletérios em quem nunca as usou. Mas quem não conhece o ranzinza que ficou simpático, o pão-duro que ficou perdulário, o inimigo que virou amigo.
Eu tive um namorado assim. Sóbrio ele era insuportável. Quando bebia, amável, doce, companheiro, amigo, gentil e educado. Nem dá para imaginar, né ? Nunca me esquecerei da primeira vez que ele disse que me amava:
- Amor, me desculpa só te dizer isso agora, bêbado. Um dia eu falo sem álcool na cabeça.
Esse dia nunca chegou. Claro que nem sempre ele ficava assim, cool, às vezes era agressivo como todos os pés- de- cana. Mas isso era muito raro. Eu acho até incrível que eu nunca o tenha incentivado a beber. Muito pelo contrário, lutei anos para que ele parasse.
Hoje mesmo a gente não estando mais junto, eu fico feliz que ele esteja abstêmio. Infelizmente ficou como efeito colateral, o mau humor, a rabugice. Pior do que alguém conviver com ele, deve ser ele mesmo ter que acordar todo dia consigo mesmo.
Ainda assim, não guardo mágoa nem dele nem de nenhum dos meus ex. Como diz Roberto Carlos em A Volta, eu prefiro guardar o que há de bom nas pessoas que passaram em mimha vida.
P.S.: " O rapaz vai na casa da ex-mulher numa tentativa de reconciliação:
- Meu amor, eu pensei melhor, vamos voltar ? Não se lembra dos nossos bons momentos ?
- Lembro sim, afinal foram tão poucos.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
O Natal de todo dia.

Eu não sou cristão, mas adoro o Natal. Não comemoro como o nascimento de Jesus Cristo, mas como uma época de confraternização. Infelizmente na maioria das vezes as pessoas passam o ano todo digladiando-se para, apenas nesta época, deixarem as diferenças de lado e mostrarem alguma comunhão. Nem sempre dá certo é verdade, são épicos em muitas famílias os barracos de natal. Preconceitos, diferenças, mágoas, inveja, dívidas não pagas; nada passa em branco. O consolo é que o Natal é só uma vez no ano. Imagine uma família com todos esses predicados morando junto. Como diria uma amiga minha, eu não daria um mês para voarem no pescoço um do outro.
Eu lembrei desse espírito natalino hoje ao ver, mais uma vez, um grupo religioso entregar quentinhas para os mendigos da avenida Presidente Vargas. Eu tenho reservas quanto a este ato de humanidade; acho que eles ficam acomodados. Mas como não se emocionar? Sim, porque eles não fazem isso apenas no Natal. É todo dia. O Betinho dizia que quem tem fome tem pressa. Num país em que muita gente vive da ajuda do governo
( faculdades filantrópicas, igrejas que não pagam impostos, filhas de militares, viúvas novas, artistas das lei Rouanet, agricultores e seus subsídios, montadoras multinacionais, entre tantos outros), estas sopas talvez sejam a maneira que uma parcela privilegiada encontrou de expiar a sua culpa.
P.S. : Certa ocasião a empresária e filantropa Yvonne Bezzerra de Mello que faz um trabalho lindo há décadas com meninos infratores, estava jantando em um restaurante chique da Zona Sul do Rio quando ouviu o seguinte comentário. " Olha lá aquela que cuida das crianças que vão nos matar."
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