A ciência ainda não consegue explicar satisfatoriamente o mecanismo que, ativado pelas drogas lícitas e ilícitas, transforma as pessoas que as usam em seres completamente diferentes. Quem já conviveu ou convive com alcoólatras e dependentes químicos como eu sabe o que estou falando. Na maioria das vezes é realçado apenas o aspecto negativo, como agressividade, mau humor e agressões. O que quase ninguém fala é que algumas pessoas também ficam "melhores".
Longe de mim incentivar o uso dessas substâncias, ainda que não sejam conhecidas seus efeitos deletérios em quem nunca as usou. Mas quem não conhece o ranzinza que ficou simpático, o pão-duro que ficou perdulário, o inimigo que virou amigo.
Eu tive um namorado assim. Sóbrio ele era insuportável. Quando bebia, amável, doce, companheiro, amigo, gentil e educado. Nem dá para imaginar, né ? Nunca me esquecerei da primeira vez que ele disse que me amava:
- Amor, me desculpa só te dizer isso agora, bêbado. Um dia eu falo sem álcool na cabeça.
Esse dia nunca chegou. Claro que nem sempre ele ficava assim, cool, às vezes era agressivo como todos os pés- de- cana. Mas isso era muito raro. Eu acho até incrível que eu nunca o tenha incentivado a beber. Muito pelo contrário, lutei anos para que ele parasse.
Hoje mesmo a gente não estando mais junto, eu fico feliz que ele esteja abstêmio. Infelizmente ficou como efeito colateral, o mau humor, a rabugice. Pior do que alguém conviver com ele, deve ser ele mesmo ter que acordar todo dia consigo mesmo.
Ainda assim, não guardo mágoa nem dele nem de nenhum dos meus ex. Como diz Roberto Carlos em A Volta, eu prefiro guardar o que há de bom nas pessoas que passaram em mimha vida.
P.S.: " O rapaz vai na casa da ex-mulher numa tentativa de reconciliação:
- Meu amor, eu pensei melhor, vamos voltar ? Não se lembra dos nossos bons momentos ?
- Lembro sim, afinal foram tão poucos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário