
Eu não sou cristão, mas adoro o Natal. Não comemoro como o nascimento de Jesus Cristo, mas como uma época de confraternização. Infelizmente na maioria das vezes as pessoas passam o ano todo digladiando-se para, apenas nesta época, deixarem as diferenças de lado e mostrarem alguma comunhão. Nem sempre dá certo é verdade, são épicos em muitas famílias os barracos de natal. Preconceitos, diferenças, mágoas, inveja, dívidas não pagas; nada passa em branco. O consolo é que o Natal é só uma vez no ano. Imagine uma família com todos esses predicados morando junto. Como diria uma amiga minha, eu não daria um mês para voarem no pescoço um do outro.
Eu lembrei desse espírito natalino hoje ao ver, mais uma vez, um grupo religioso entregar quentinhas para os mendigos da avenida Presidente Vargas. Eu tenho reservas quanto a este ato de humanidade; acho que eles ficam acomodados. Mas como não se emocionar? Sim, porque eles não fazem isso apenas no Natal. É todo dia. O Betinho dizia que quem tem fome tem pressa. Num país em que muita gente vive da ajuda do governo
( faculdades filantrópicas, igrejas que não pagam impostos, filhas de militares, viúvas novas, artistas das lei Rouanet, agricultores e seus subsídios, montadoras multinacionais, entre tantos outros), estas sopas talvez sejam a maneira que uma parcela privilegiada encontrou de expiar a sua culpa.
P.S. : Certa ocasião a empresária e filantropa Yvonne Bezzerra de Mello que faz um trabalho lindo há décadas com meninos infratores, estava jantando em um restaurante chique da Zona Sul do Rio quando ouviu o seguinte comentário. " Olha lá aquela que cuida das crianças que vão nos matar."
Nenhum comentário:
Postar um comentário