sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Breakfast

A morena era linda. Pra dizer a verdade, a mais bonita da festa. E festa com muitos homens não dá outra: competição para ver quem ia pegar primeiro. Algumas pessoas podem se assustar com o termo, mas é assim que muitos homem se referem às mulheres. O pior é que muitas mulheres não se importam, entram no jogo, acabam não se valorizando.
Acabou entrando no jogo, passou uma cantada barata, rasteira e mesmo assim conseguiu chegar. Um drink vai, outro drink vem, amenidades, nada que se aproveitasse, mas como era gostosa, os outros estão morrendo de inveja, vou ser o assunto da semana no escritório, essa mulher é para casar, ela é linda mesmo.
Não podia levar uma mulher daquela para qualquer lugar; passou o cartão, um dos motéis mais caros da cidade. Mas valeu a pena, era tudo aquilo e mais um pouco. Deus do céu, eu estou sonhando, o que essa mulher viu em mim? Gastei a maior grana, quase o meu salário do mês, mas valeu cada centavo. E agora? Será que ela vai querer ficar comigo? Eu não fui muito cafajeste levando para a cama na primeira noite? E porque ela aceitou? Será que eu fui o primeiro? Oh, quantas dúvidas. Era daqueles homens que se apaixonam facilmente, sobretudo por mulheres bonitas. Mas apesar de toda a beleza, a surpresa foi no dia seguinte: uma conversinha sem graça, conteúdo zero. Será que teria paciência para coronelismos? Talvez. Mas só a tentativa custaria uma fortuna. Valeria a pena?


" A pergunta crucial numa relação é: você tomaria café da manhã com esta pessoa? Qualquer imbecil pode dizer 'vamos para a cama' mas o café da manhã, a conversa..."

Gay Talese
jornalista americano

Sobre cães e gatos.

Brigaram feio. Mais uma vez. Já deveriam estar acostumados. Ela chegou em casa chorando, jurou nunca mais vê-lo. Cachorro safado, viu três mensagens de mulheres no celular dele. Aproveitou para apagar todas as fotos do Orkut. Logo agora que iriam comemorar cinco anos juntos.
Bem que mamãe falou: filhinha nenhum presta, a começar pelo teu pai. Não sei como estou com ele até hoje. Mas gostava dele. Este era o problema. Não parava de pensar. Mas tinha que dar um jeito. Quer saber de uma coisa? Eu vou lá na casa dele. Não vou deixar barato.
Só tinha um problema. Eram quatro horas da manhã. Um horário um tanto incoveniente. Mas tudo bem. Incoveniente foi ele em sair com a primeira vagabunda que encontrou na frente.
Como tinha a chave, foi sem avisar. Ele não estava em casa. Aproveitou para revirar tudo meticulosamente, procurando sinais delatores. O safado era esperto. Não encontrou nada.
Quando menos esperou, ele chegou. Bêbado. O que você está fazendo aqui? Não terminou tudo comigo. Não disse que não quer mais nada. Que eu não presto.
Não presta mesmo. Cachaceiro, pinguço, bebum, pé-de-cana. Eu não sei porque acreditei tanto tempo em você, bem que minhas amigas falaram. Tu não vale nada. Tu é tão safado que nem tua família te quis. Renegado.
É, sou ruim mesmo. Você é que é a santa. Está fazendo o que aqui na casa do demônio. Mete o pé, vai embora. Eu não presto mesmo.
Tu não fala assim comigo não, que eu meto a mão na tua cara. Tá pensando o quê? Nem meu pai fala assim comigo.
Tenta vai, quero ver se tu consegue?
Ela tentou, ele segurou. Não houve mais brigas. Só o cheiro forte do álcool e cigarro, lágrimas, suores, arranhões, beijos, te amos, te adoros, não sei viver sem ti, por que tu fazes isto comigo, sexo e sono muito sono.

" Eu amava aquele homem. Mas as brigas começavam a caminho do café da manhã."

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O direito de morrer

Acabou de entrar em vigor em São Paulo a nova lei anti-fumo. É mais um a retórica do dizem, ex-fumante, José Serra. Eu também sou ex-fumante e sei muito bem os males do tabaco. Só acredito que esta lei está sendo mal conduzida. Proibiram até os fumódromos! Quer dizer que se um bar for criado apenas para ser frequentado por fumantes, não pode. Que mania horrorosa de se copiar tudo o que os americanos fazem. Maconha, cocaína e ectasy também são proibidos. E logo, logo cercearemos também a bebida alcóolica. E os chatos. E os impostos.( isto eu acho difícil...).
Preocupa-me muito a idéia de criar um mundo idílico onde nada pode, não existem problemas, como se tudo pudesse ser resolvido com uma canetada.
Na verdade eu acho que tudo isto parte de uma premissa onde as pessoas gostam de controlar o que os outros fazem, impondo-lhes o seu próprio estilo de vida. É difícil entender( por mais absurdo que pareça) que nem todos querem chegar aos cem anos.
Eu adoraria e tenho feito esforços para isto, ultimamente, é claro. Fumei muito, cheirei muito, transei muito, excessivamente reconheço. Agora analisem bem: becel sem sal, pão sem gordura e açúcar, frango grelhado, salada de alface, nada de coca-c0la, doces diet. This is my life.
Tem dias em que eu acordo e penso: eu tenho que comer tudo isto novamente? Sim, tenho é para o meu próprio bem ? E se eu não quiser ? É uma escolha também. Muitos me chamam de maluco. Concordo plenamente. Prefiro muito mais um Big Mac. But i can't. Sorry.
Agora e se amanhã o governo resolver proibir, ou cobrar impostos mais caros, de quem se alimenta com, digamos, poucas vitaminas ? Ahã, agora chegou até vocês, né? Cuidado hoje a perseguição é aos fumantes, amanhã.....Não, não é brincadeira, já existem projetos neste sentido em outros países. Se a moda pega...
Não dá para terminar o post sem uma historinha, né? A mais ou menos uns cinco anos, um repórter, ao ver o ator britânico Jeromy Irons acendo um "careta", questionou-o sobre o mau exemplo aos jovens. A resposta foi linda, sarcástica:
- Que estranha mania das pessoas em geral; querem viver para sempre.