Ela não era linda, mas foi precursora das transformações que Hollywood faria coma as grandes estrelas. No começo sofreu com o sotaque sueco, as gordurinhas indesejáveis, a dentição desalinhada. Conquistou o cinema com Grande Hotel( I want to be alone), A Dama das Camélias e Ninotchka, embora jamais tenha conquistado o Osca a despeito das quatro indicações. Mas a grande pergunta é por que a estrela largou a carreira no auge, tornado-se um mito indecifrável e vivendo reclusa por cinquenta anos. Dizem que ao longo da carreira não deu mais do que quatorze entrevistas. De fato Garbo, como gostava de ser chamada esforçou-se para ser apenas Greta ainda que isto fosse humanamente impossível. Hoje principalmente, nesta época em que, como profetizou Andy Wahrol todo mundo busca os seus quinze minutinhos de fama, Greta Garbo seria tachada de louca ainda que tenha uma correspondente tupiniquim, a nossa querida Lídia Brondi. Em sua última entrevista, pouco antes de morrer, falou sobre a coerência de sua atitude.
" Sou o que o jovem jamais encontrará, o que velho procurou em vão durante toda a sua vida, o que a adolescente gostaria de ser e sou bela como muitas mulheres gostariam jamais serão. Compreendem porque me escondo? Não quero que os sonhos acabem."
Modéstia pouca é bobagem.
sábado, 26 de julho de 2008
Retrato de uma era
Tanto criticado, Michael Jackson é a imagem do nosso tempo. As chinesas modificam os olhos para parecerem ocidentais, mulheres de quarenta vestem-se e comportam-se como suas filhas, roqueiros veteranos esforçam-se para mostrarem-se joviais. Empresas de recrutamento e seleção cada vez preocupam-se com a aparência em detrimento da capacidade intelectual e de trabalho. Quando eu falo em aparência, não me refiro aos desleixados. Obesos, negros, nordestinos e os supostamente feios são julgados por suas características físicas primeiramente. Só um cego(literalmente), não vê. Não são apenas os cargos mais vistosos a manisfestar tal preconceito. Basta uma passada em qualquer shopping para vermos a expressão de uma sociedade que se pretende igualitária, manifestar suas características mais espúrias.
Determinadas pessoas transforma-se em verdadeiras caricaturas, tal é a quantidade de plástica que se submetem. Diante de tais devaneios, por que te criticam tanto Michael?
Determinadas pessoas transforma-se em verdadeiras caricaturas, tal é a quantidade de plástica que se submetem. Diante de tais devaneios, por que te criticam tanto Michael?
terça-feira, 15 de julho de 2008
Obrigações
A campainha toca e, para a minha surpresa, meu amigo Mário Sérgio.
- Parei de fumar.
- Parabéns - falei - eu ainda estou tentando.
- Parabéns, reticências, parei obrigado, estou sentindo a maior falta.
- Obrigado, por quem?
- Por todos. Trabalho num centro comericial, e proibíram inclusive nas varandas. Meu bar expulsou-me para a calçada, a mercê dos ladrões, poluição e pedintes em geral. E a última reunião do condomínio eliminou até as áreas comuns.
- Sobrou a sua casa...
- Rodrigo, eu trabalho 14 horas por dia, durmo cinco, meu cachorro nem me reconhece mais, como arranjarei mais tempo para fumar em casa?
- Mas...
- E isso não é tudo, eu estou preocupado, sem saber aonde tudo isso vai parar. Eu adorava o bingo nos finais de semana, não vivo sem carro, daqui a pouco vão proibir até o jogo do bicho.
- Mas é proibido.
- Então alguém precisa avisar os bicheiros
- Debochado.
- Sério, cara estão proibindo todas as nossa diversões.
- Esta é a vantagem de viver num regime totalitário... Mas pondo a brindeira de lado eu acho que esta é uma das maiores contradições do ser humano. Nós precisamos do governo para tomar medidas que beneficiarão a nós mesmos. Sabemos que a banca sempre ganha, que dirigir depois de beber é perigoso, que o cigarro dá câncer, mas só tomamos as decisões fatídicas quando vem a dolorosa. O risco é exagerarmos e virarmos um imenso USA, onde náo se pode quase nada, a não ser debaixo dos panos. Mas eu ainda acho que é melhor pecar por excesso do que por omissão.
- Rodrigo?
- Que é?
- Posso tomar uma dose do teu uísque?
- Parei de fumar.
- Parabéns - falei - eu ainda estou tentando.
- Parabéns, reticências, parei obrigado, estou sentindo a maior falta.
- Obrigado, por quem?
- Por todos. Trabalho num centro comericial, e proibíram inclusive nas varandas. Meu bar expulsou-me para a calçada, a mercê dos ladrões, poluição e pedintes em geral. E a última reunião do condomínio eliminou até as áreas comuns.
- Sobrou a sua casa...
- Rodrigo, eu trabalho 14 horas por dia, durmo cinco, meu cachorro nem me reconhece mais, como arranjarei mais tempo para fumar em casa?
- Mas...
- E isso não é tudo, eu estou preocupado, sem saber aonde tudo isso vai parar. Eu adorava o bingo nos finais de semana, não vivo sem carro, daqui a pouco vão proibir até o jogo do bicho.
- Mas é proibido.
- Então alguém precisa avisar os bicheiros
- Debochado.
- Sério, cara estão proibindo todas as nossa diversões.
- Esta é a vantagem de viver num regime totalitário... Mas pondo a brindeira de lado eu acho que esta é uma das maiores contradições do ser humano. Nós precisamos do governo para tomar medidas que beneficiarão a nós mesmos. Sabemos que a banca sempre ganha, que dirigir depois de beber é perigoso, que o cigarro dá câncer, mas só tomamos as decisões fatídicas quando vem a dolorosa. O risco é exagerarmos e virarmos um imenso USA, onde náo se pode quase nada, a não ser debaixo dos panos. Mas eu ainda acho que é melhor pecar por excesso do que por omissão.
- Rodrigo?
- Que é?
- Posso tomar uma dose do teu uísque?
segunda-feira, 14 de julho de 2008
O inverno de Ronaldo.
Ronaldo fenômeno não tem paz. Jogador profissional desde a adolescência, campeão do mundo, diversos títulos conquistados, desacreditado, recuperado; não são poucos os adjetivos e percalços que os acompanharam durante quinze anos. Vítima de uma imprensa predadora, subserviente nos louros, implacável na lona, gostaria apenas de ser uma pessoa normal. Desculpe meu caro, impossível. Não terás o direito de ter barriga, tomar um porre, ser fraco ou promíscuo( quantos homens não o são), que mulher hoje teria coragem de pôr a mão no fogo pelo seu; acredito que nem a Igreja colocaria tantos são os casos de padre pedófilos. O fato é que tudo isto é reflexo da nossa cultura que busca pessoas perfeitas, plastificadas, modelos inatingíveis, defensoras da moral e dos bons costumes. Imagine a vida de Ronaldo; obrigado a ser um modelo a ser seguido vinte e quatro horas por dia. Tem que ser bom marido, jogador invencível, sempre sorridente, embaixador da ONU, pai exemplar. Eu te defendo Ronaldo, não pelas suas atitudes; dizem respeito apenas a você e as pessoas com quem relacionou-se. Defendo, porque pela primeira vez, te vejo mortal comum, como todos nós, fumando um cigarro(como é difícil parar), com uma barriga- o mais difícil de malhar na academia-, curioso em conhecer as fraquezas humanas expostas para qualquer um nas esquinas do Rio de Janeiro.
As pessoas que criticam tão ferozmente, tenha certeza, não tem lugar garatido no paraíso, pois são tão humanas quanto você, se todos soubessem o que cada um fez no passado, talvez refletissem sobre o que falam da vida alheia cada vez que os lábios se mexem.
As pessoas que criticam tão ferozmente, tenha certeza, não tem lugar garatido no paraíso, pois são tão humanas quanto você, se todos soubessem o que cada um fez no passado, talvez refletissem sobre o que falam da vida alheia cada vez que os lábios se mexem.
domingo, 13 de julho de 2008
Eu ainda acredito em sonhos.
Num mundo onde a inveja predomina( nossa também, falando de uma maneira genérica), acredito que devemos tentar buscar, ainda que na maior das dificuldades, aquele sonho tantas vezes guardado na gaveta, lá no fundo do baú. Que sonhos são esses? Aqueles que não contamos para ninguém, segredamos a nós mesmos apenas à noite, quando o sono insiste em não chegar.Desistimos daquele grande amor(não existe, coisa de adolescente, caia na real, seja pragmático, dizem os demonstradores de sapiência, sempre de plantão); acabamos acreditando.
Ele chegou bêbado, às cinco da manhã? Faz parte da natureza masculina. Teu filho não faz nada em casa, só fala gírias e não gosta de estudar. A juventude é assim mesmo, não se preocupe, passa com a idade. Nao passa não, não é normal. Recuso-me, não aguento mais.Chega de uma vida de derrotas, de choros, de dinheiro contado. Liquidações inúteis, conversas vazias, beijos alcoólicos, perfumes não lembrados.
Auto-estima é fundamental para sabermos que se não é do jeito que eu quero, então não vale a pena. Prefiro recomeçar, uma nova história. Às vezes, chegamos ao fundo do poço e não percebemos. Traições perdoadas, dívidas não pagas, mentiras deslavadas. Os anos passam, meia-idade ou velhice se aproximando, se não dermos uma sacudida, a melancolia toma conta, quando não uma depressão, acompanhada quase sempre de visitas tediosas a terapeutas à procura de remédios que sabemos, nada farão por nossa infelicidade. O segredo: nenhum, sabemos de cor; não quero mais, chega, preciso cuidar de mim. Coisa aliás, que não fiz a minha vida toda. Sempre pensando nos outros, em grande parte culpa da educação esquerdista judaico-cristã, responsável em grande por nosso sentimento de culpa. Afinal, diz a sabedoria popular, um relacionamento precisa de, no mínimo, duas pessoas. Pelo menos.
Ele chegou bêbado, às cinco da manhã? Faz parte da natureza masculina. Teu filho não faz nada em casa, só fala gírias e não gosta de estudar. A juventude é assim mesmo, não se preocupe, passa com a idade. Nao passa não, não é normal. Recuso-me, não aguento mais.Chega de uma vida de derrotas, de choros, de dinheiro contado. Liquidações inúteis, conversas vazias, beijos alcoólicos, perfumes não lembrados.
Auto-estima é fundamental para sabermos que se não é do jeito que eu quero, então não vale a pena. Prefiro recomeçar, uma nova história. Às vezes, chegamos ao fundo do poço e não percebemos. Traições perdoadas, dívidas não pagas, mentiras deslavadas. Os anos passam, meia-idade ou velhice se aproximando, se não dermos uma sacudida, a melancolia toma conta, quando não uma depressão, acompanhada quase sempre de visitas tediosas a terapeutas à procura de remédios que sabemos, nada farão por nossa infelicidade. O segredo: nenhum, sabemos de cor; não quero mais, chega, preciso cuidar de mim. Coisa aliás, que não fiz a minha vida toda. Sempre pensando nos outros, em grande parte culpa da educação esquerdista judaico-cristã, responsável em grande por nosso sentimento de culpa. Afinal, diz a sabedoria popular, um relacionamento precisa de, no mínimo, duas pessoas. Pelo menos.
Um domingo, um lugar.
Engraçado como não nos damos conta da rapidez com que nos cumprimentamos. De repente recebemos a notícia de que perdemos um amigo, um parente, um conhecido e, tentando buscar na memória quando foi a última vez que nos encontramos, o que lembramos? Um aceno, dois beijos no rosto, te vejo mais tarde, me liga, te passo um e-mail. Desculpas à parte, difícil não sentir um remorso, uma dorzinha no peito, uma vontade de voltar no tempo, aquela pizza talvez, um chopinho a mais no bar, uma conversa descontraída.
Sinto-me assim neste momento, meu amigo Pablo. Mal consigo acreditar que não nos veremos mais; céus com quem compartilhar Tolstói, Jorge Amado, Cora Coraliana hoje em dia. É como se fôssemos novamente aqueles dois caras desempregados, percorrendo maravilhosamente o Rio de Janeiro, assistindo como turistas embasbacados em quantos minutos se daria o pôr do sol.
Meu amigo Pablo, me arrependo sim, de não ter visto por mais tempo, de ter lido tantas notícias(inúteis, muitas), quando não desnecessárias, quando poderíamos ter curtido a nossa amizade de uma maneira muito mais proveitosa.
Você não está mais aqui, esta é uma realidade que terei que aprender a lidar, mas tenho certeza que em minhas orações, tentarei de alguma forma, chegar naqueles momentos em que, juntos, sonhávamos que a esperança e a fé é que definem a realidade de um ser humano.
Fique em paz.
Sinto-me assim neste momento, meu amigo Pablo. Mal consigo acreditar que não nos veremos mais; céus com quem compartilhar Tolstói, Jorge Amado, Cora Coraliana hoje em dia. É como se fôssemos novamente aqueles dois caras desempregados, percorrendo maravilhosamente o Rio de Janeiro, assistindo como turistas embasbacados em quantos minutos se daria o pôr do sol.
Meu amigo Pablo, me arrependo sim, de não ter visto por mais tempo, de ter lido tantas notícias(inúteis, muitas), quando não desnecessárias, quando poderíamos ter curtido a nossa amizade de uma maneira muito mais proveitosa.
Você não está mais aqui, esta é uma realidade que terei que aprender a lidar, mas tenho certeza que em minhas orações, tentarei de alguma forma, chegar naqueles momentos em que, juntos, sonhávamos que a esperança e a fé é que definem a realidade de um ser humano.
Fique em paz.
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