terça-feira, 13 de setembro de 2011

Brigas e perdas.

Chegou com aquele jeitinho de bezerro desmamado, pálpebras caídas, olhar melancólico, sorriso contido. Busquei seu coração:
- Que foi ? Vocês brigaram, né?
- Como nunca antes.
- Mas você ainda gosta dele?
- Da mesma forma como quando o conheci.
- E não é isto que realmente importa? Algumas pessoas tem essa necessidade de ficar um tempo sozinhas. É um momento introspectivo, reflexivo, por muitas vezes necessário; buscar na mente a referência particular.
- Eu não tenho essa preferência. Prefiro refletir a dois.
- Entendo. Eu também. Acredito que por ter passado muito tempo sozinho, procuro na maioria das vezes estar junto. A não ser que eu esteja dormindo.
- É que eu fico conjecturando. Na verdade eu fico imaginando coisas, querendo saber em que está pensando...
- Compreendo, mas isto é impossível. Você nunca saberá o que alguém está pensando. A não ser que ele te diga. E ainda assim você precisa acreditar. Mas eu acho que isto não é uma questão fundamental. Mais do que confiar no outro, você precisa aprender a confiar em si mesma.
- E se ele for embora?
- Guarde o que ficou.
- Como assim ?
- Guarde os bons momentos, os risos, os abraços, as fotos, a lembrança. E você perceberá que mesmo as pessoas que nos abandonam deixam guardados dentro da gente algo místico, que é só dela, único, que fará com que a nossa visão de mundo seja enriquecida, talvez nem tanto como experiência, mas também ternura.
- Ainda assim prefiro ele.
- Então não desista e lute.

Os conselhos são de graça, mas o nosso coração, somos nós quem conhecemos.

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