quarta-feira, 13 de maio de 2009

Infidelidade

Beatriz bateu lá em casa tarde da noite.
Rô, preciso de você.
- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando.
- Sério, descobri que o Bruno está me traindo.
- Lá vem você com jornal de ontem, tu não sabe que eu detesto
ler notícia velha.
- Vai me dizer que você já sabia ?
- Chérie, você não. Tu não é nenhuma garotinha. Homem fiel ? Até existe, mas é igual a Roberto Carlos de bermuda ou entrevistado do IBOPE: ninguém nunca viu.
- Tô passada.
- Tô brincando, é claro que existem homens fiéis, não são fáceis de encontrar, mas você não pode desistir.
- Tu sabe o que ele me sugeriu? Relacionamento aberto.
- E tu não caiu nesta não, né? Realmente eu preciso conversar com você, tá mais por fora do que cueca de super-homem. Deixa eu te explicar uma coisa: a traição em si não é o pior de tudo, a proposta indecorosa, sim. Se ao menos ele tivesse proposto no início do relacionamento, logo que te connheceu, teria sido honesto. A esta altura do campeonato?
- Mas ele disse que não consegue ficar com uma mulher só.
- E eu acredito, mas por que não falou isto antes?Só agora que você descobriu a infidelidade?
É aí onde acaba e começa toda a cretinice. A pior traição é a deliberada, planejada. Se ele já começou mentindo, dificilmente mudará. É como os botões de uma camisa. Errou um, erram-se todos. E quanto a relacionamento aberto, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre já tentaram isso meio século atrás e hoje todos nós sabemos que era uma grande farsa.
Você me fez lembra uma entrevista da Marília Pêra, uns vinte anos atrás, onde o repórter perguntava se ela já tinha experimentado essa, digamos " amizade colorida ".
Ela respondeu sem pestanejar.
- Meu coração não aguenta.

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