domingo, 17 de maio de 2009

Mea Culpa

Jornalista pedindo desculpa é tão raro que a gente logo pensa: não deve ser jornalista. E não era mesmo. Na Veja então, muito menos. O episódio aconteceu na Vejinha. Calma, eu explico.
Na Veja da semana passada, Fernanda Torres, que é colunista, publicou um mea-culpa endereçado ao recém-falecido diretor de teatro Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido. Estava com remorso por ter escrito uma coluna citando a obra dele sem ao menos ter lido. Como não dá para pedir desculpa aos mortos, compreende-se o drama.
Eu fiquei comovido, porque quase ninguém faz isso. Dos jornais que eu leio, apenas a Folha. O Globo publica a réplica ao lado da tréplica. A Veja, às vezes, publica a réplica, também sempre com a tréplica. Mea Culpa de verdade mesmo, só a Folha.
E é uma coisa tão humana, tão essencial. Não tem nem duas semanas que o Supremo revogou a jurássica Lei de imprensa. Se por um lado foi bom, velho resquício da ditadura, agora não temos um parâmetro a nos nortear.
E precisamos, pois muitos jornalistas comportam-se como juízes ou piores, distorcendo entrevistas, publicando boatos, mentiras, com a certeza da impunidade. Às vezes destroem carreiras ou reputações. Ou ambas.
O que resta, ás vezes, é a mais fina ironia como no caso da Navratilova.
Martina Navratilova já havia escrito seu nome no Hall das maiores tenistas de todos os tempos, assim como uma grande ativista dos direitos dos homosexuais, quando um repórter perguntou :
- E aí Martina, continua lésbica ?
- Sim, enquanto a opção forem homens como você.

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