Já tinha tentado de tudo: bombons, flores, presentes, serenatas. Mandou bilhetes, escreveu cartas, foi na cartomante, acendeu velas, simpatias. Escreveu poemas, músicas, dedicatórias, assim como tinha intercedido à mãe e às amigas. Nem por um momento pensou em desistir, assim como não acreditou que tais sacrifícicios seriam inúteis.
Tinha conseguido sorrisos, poucos é verdade, mas recompensadores. Não era o bastante. Precisava do mesmo ar, da convivência, da rotina benfazeja, abraços e cobertores. Não era de encontros esparsos, tampouco furtivos, em portões de horários inoportunos, muito menos noivados prolongados.
Tais insistências apenas faziam aumentar a angústia de um romance não começado. E quanto mais o tempo passava, a ansiedade tomava-lhe o peito, sufocando-o, tirando-lhe o sono, estragando os estudos. Chegou um momento que já não vivia; esqueceu a fome, a sede, os compromissos. A mãe tomou-lhe a pulso: não permitirei que insistas neste loucura.
Por fim, adoeceu. A pneumonia baixou-lhe a guarda, sumiu por duas semanas, a febre intermitente, a internação em local ignorado. Ela sentiu a falta: será que não vem mais, faz tempo que não vejo, o que terá acontecido?
A possibilidade de nunca mais vê-lo aterrorizou-a. Não eram próximos, nem estudavam juntos, como procurá-lo? E então percebeu que já o amava, pelo simples temor de nunca mais vêlo; moveu céus e terras para achá-lo..
Encontrou-o depois de cinco dias, arfante, agradecida, decidida a vivê-lo em cada momento. Já não eram apenas promessas. E deixou escapar as palavras, tantas vezes ensaiada.
- Eu faria qualquer coisa por você
Nenhum comentário:
Postar um comentário