terça-feira, 15 de maio de 2012

Soneto de separação, por Vinicius de Moraes

   De repente do riso fez-se o pranto
   Silencioso e branco como a bruma
   E das bocas unidas fez-se a espuma
   E das mãos espalmadas fez-se o espanto

   De repente da calma fez-se o vento
   Que dos olhos desfez a última chama
   E da paixão fez-se o pressentimento
   E do momento imóvel fez-se o drama

   De repente, não mais que de repente
   Fez-se de triste o que se fez amante
   E de sozinho o que se fez contente

   Fez-se do amigo próximo o distante
   Fez-se da vida uma aventura errante
   De repente, não mais que de repente.


   Vinicius de Moraes

 

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