.... e se apaixonava, verdadeiramente, com declarações, presentes, melodias, para hoje e sempre. Visualizava projetos, dedicava, escrevia, idolatrava por meses como nunca antes. Acreditava, amigo, parceiro, confidências, fidelidade. E dormia, transava bem, boa comida, pintava quadros, escolhia-os cuidadosamente, plantava flores, aspirava, desenhava-a, tão perfeita, presente pra você, nunca vi coisa tão linda, obrigado, e tortas de chocolate, surpresas, isqueiros acesos são velas, melhor do que luminárias e lamparinas.
Era importante, sim, como nenhuma outra, assim como as recaídas. E bebia, fumava, sumia, desligava o telefone, pedia demissão, gritava, viajava, leave me alone, desculpa, não foi assim, preciso pensar melhor, e quebrava tudo, e consertava tudo, e comprava tudo novo. Eu sou louco eu sei, afaste-se de mim é melhor pra você, mas não entendo parecia tudo tão perfeito, e compravas discos para ouvir uma música, lia as revistas pelo final, pulava páginas e saía no meio do show, não terminava os cursos, e brigava com todos os amigos, e consigo mesmo, quebrava o espelho, e jogava tudo fora, e distribuía dinheiro.
E contemplava árvores, e chorava com as crianças desamparadas, e aparecia de repente, saudade de você, pensei tanto, lembra-se dos nossos bons momentos, trazia bombons, tirava fotos, e dava-as, e a buscava de carro, abria a porta.
São os primeiros dos suicidas, pais precoces, dependentes químicos, artistas, dos que se vão, incontroláveis. E orava por horas, ia para um retiro, enjoava, e então percebia que já não tinha para onde ir, pois não conseguia livrar-se de si mesmo. E recomeçava a busca pelo trajeto, pela não-continuidade, amores passados, bóias e estrelas.
Pior do que conviver com um TDAH, é ser um TDAH.
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