quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

E se fosse você

Todos nós sabemos que não é fácil viver em sociedade. Trânsito, condomínio, trabalho, escola e para completar, dentro da nossa casa, com os nossos familiares. Para isso o ser humano criou regras, leis, códigos, manuais. Obviamente, tais procedimentos variam de país para país, o que acaba sendo objeto de celeumas: afinal de contas não estaríamos sendo excessivamente rigorosos ou permissivos em determinados assuntos ? Sem entrar no mérito da questão, pretendo apresentar algumas questões que serão objeto de comentários posteriormente.
Cena 1: Véspera de Natal, supermercado completamente lotado, filas para pão, queijo, carne e principalmente, pagar. Algumas pessoas para facilitar o martírio, acabam deixando alguém na fila de pagamento enquanto agilizam as compras. Não tomarei partido, posto que não conheco, pelo menos aqui no Brasil, lei que incentive, criminalize ou condene tal prática. Naturalmente, quando procuramos uma fila, escolhemos a mais curta, ou a que tiver carrinhos menos cheios. Então, de repente, você descobre que o companheiro da frente, não tem apenas uma cesta e sim, mais um carrinho lotado de compras que a esposa acabou de trazer. E você está atrasado. Ou apertado. Ou com dor de cabeça. Não importa.
Cena 2 : Quinze para uma da manhã, logo o restaurante vai fechar. Gerente, garçons, cummins e cozinheiros aguardam ansiosamente o fim do expediente, alguns estão dobrando. Neste momento chega um casal num clima romântico, entrada, prato principal, sobremesa, vinho, balde de gelo, confidências e por aí vai. E nem aí para a hora do Brasil.
Cena 3 : Este foi um conselho que uma amiga minha me pediu. Apaixonada pelo namorado, mas entristecida com algumas de suas atitudes, bolou um plano inspirado em O Outro Lado da Meia-Noite, de Sidney Sheldon. Faria chegar ao conhecimento do amado que precisou viajar às pressas, sem deixar local de destino, data de retorno, motivo, nada. Sem nextel, sem responder e-mail, orkut, nada. Gostaria que ele pensasse que ela sumiu. Dizem por aí, que homem só dar valor quando perde ou acha que perdeu.
Acredito que todos já tenham formado em seus pensamentos argumentos prós e contras; estamos numa democracia e isto é saudável. Agora o que eu gostaria de deixar registrado, como desejo de uma sociedade pós-judicial é o seguinte: e se fosse você? Se você fosse o garçom, a pessoa atrás do carrinho, a pessoa amada sem notícias. Gostaria que fizessem isto com você ?
Uma passagem do livro de Mário Puzo que deu origem ao filme O Poderoso Chefão, um mafioso fala para o filho que um advogado rouba com uma pasta, o que um bandido rouba com uma arma. Todos nós sabemos que muitas leis foram feitas para favorecer os mais ricos ou criminosos. Agora e se fosse com você, seu pai, sua mãe, seu filho, como você se sentiria?
Acredito sinceramente que quando começarmos a nos colocar no lugar do outro, conseguiremos construir um mundo muito melhor para se viver.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tudo por dinheiro por, por Pablo Santiago

Sempre achei que o dinheiro comprava tudo. Por isso sempre lutei por ele com afinco. Tive uma infância difícil e, quando consegui melhorar de vida, não economizei em gastos. Naturalmente tal comportamento acompanhou a minha vida afetiva. Sempre me relacionei com mulheres bonitas e gastadeiras, de preferência louras. E quer saber de uma coisa: eu adorava. É óbvio que eu sei que muitas delas estavam comigo só por causa da grana. Não, eu não sou feio, mas eu sei que que o dinheiro ajuda e muito. Eram relações complementares.
Tudo ia bem até eu conhecer a Raquel, por quem estou completamente apaixonado. Para começar ela é muito nova, tem apenas 18 aninhos, parece até menos. Foi amor à primeira vista, embora até então eu nunca tivesse acreditado nisto. E desde o primeiro momento, nunca aceitou que eu pagasse nada para ela. Tal comportamento surpreendeu-me deveras. Apesar de ter quase o dobro da idade dela, ela tem todo o controle da relação. É ela quem decide onde e quando vou poder vê-la; nunca mais de duas vezes por semana. É linda como poucas mulheres que vi em minha vida, está sempre bem vestida, perfumada e quase nunca fala nada. Durante o tempo em que estamos juntos, beija-me o tempo todo, me abraça, faz cafuné, diz que me ama e que me adora e que sou o homem da vida dela. Mas só durante este tempo. Diz que não pode encontrar-me mais vezes pois não tem tempo. Não sei onde mora, sei que é na Tijuca e com a avó, nada mais. Se faço mais perguntas, fica zangada ou desconversa. Não tem orkut, ou e-mail, ou se tem não quer me dar. Não aceita minha carona, sempre vai embora de táxi.
Semana passada, brigamos por causa do pouco tempo que a vejo. Na verdade eu briguei com ela, que ficou calada o tempo todo. Foi embora e terminou comigo pelo telefone, dizendo que talvez estivesse enganada a respeito do sentimento por mim. Eu disse cobras e lagartos, chamei-a de infantil e disse que jamais deveria terminar com alguém pelo telefone. Não queria nunca mais vê-la.
No outro dia, inconsolável, acabei ligando e fizemos as pazes. Ela me disse que estava arrependida e que percebeu que gostava muito de mim e que sentia a minha falta. Fiquei feliz. Mas nada mudou. Ela continua controlando tudo. Acabo cedendo por medo de perdê-la. Até hoje não transamos; ela diz que ainda cedo e tem medo que eu possa abusar dela e depois ir embora. De certa forma eu acho lindo, mas estou angustiado.
E eu que sempre tive o controle de meus relacionamentos, sinto-me agora como um adolescente, impotente diantes dos fatos, tendo que constatar que todo o meu dinheiro não pode fazer nada diante de uma mulher que não pode ser comprada.
Tive que lembrar de Frank Capra:

" A felicidade não se compra."

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Breakfast

A morena era linda. Pra dizer a verdade, a mais bonita da festa. E festa com muitos homens não dá outra: competição para ver quem ia pegar primeiro. Algumas pessoas podem se assustar com o termo, mas é assim que muitos homem se referem às mulheres. O pior é que muitas mulheres não se importam, entram no jogo, acabam não se valorizando.
Acabou entrando no jogo, passou uma cantada barata, rasteira e mesmo assim conseguiu chegar. Um drink vai, outro drink vem, amenidades, nada que se aproveitasse, mas como era gostosa, os outros estão morrendo de inveja, vou ser o assunto da semana no escritório, essa mulher é para casar, ela é linda mesmo.
Não podia levar uma mulher daquela para qualquer lugar; passou o cartão, um dos motéis mais caros da cidade. Mas valeu a pena, era tudo aquilo e mais um pouco. Deus do céu, eu estou sonhando, o que essa mulher viu em mim? Gastei a maior grana, quase o meu salário do mês, mas valeu cada centavo. E agora? Será que ela vai querer ficar comigo? Eu não fui muito cafajeste levando para a cama na primeira noite? E porque ela aceitou? Será que eu fui o primeiro? Oh, quantas dúvidas. Era daqueles homens que se apaixonam facilmente, sobretudo por mulheres bonitas. Mas apesar de toda a beleza, a surpresa foi no dia seguinte: uma conversinha sem graça, conteúdo zero. Será que teria paciência para coronelismos? Talvez. Mas só a tentativa custaria uma fortuna. Valeria a pena?


" A pergunta crucial numa relação é: você tomaria café da manhã com esta pessoa? Qualquer imbecil pode dizer 'vamos para a cama' mas o café da manhã, a conversa..."

Gay Talese
jornalista americano

Sobre cães e gatos.

Brigaram feio. Mais uma vez. Já deveriam estar acostumados. Ela chegou em casa chorando, jurou nunca mais vê-lo. Cachorro safado, viu três mensagens de mulheres no celular dele. Aproveitou para apagar todas as fotos do Orkut. Logo agora que iriam comemorar cinco anos juntos.
Bem que mamãe falou: filhinha nenhum presta, a começar pelo teu pai. Não sei como estou com ele até hoje. Mas gostava dele. Este era o problema. Não parava de pensar. Mas tinha que dar um jeito. Quer saber de uma coisa? Eu vou lá na casa dele. Não vou deixar barato.
Só tinha um problema. Eram quatro horas da manhã. Um horário um tanto incoveniente. Mas tudo bem. Incoveniente foi ele em sair com a primeira vagabunda que encontrou na frente.
Como tinha a chave, foi sem avisar. Ele não estava em casa. Aproveitou para revirar tudo meticulosamente, procurando sinais delatores. O safado era esperto. Não encontrou nada.
Quando menos esperou, ele chegou. Bêbado. O que você está fazendo aqui? Não terminou tudo comigo. Não disse que não quer mais nada. Que eu não presto.
Não presta mesmo. Cachaceiro, pinguço, bebum, pé-de-cana. Eu não sei porque acreditei tanto tempo em você, bem que minhas amigas falaram. Tu não vale nada. Tu é tão safado que nem tua família te quis. Renegado.
É, sou ruim mesmo. Você é que é a santa. Está fazendo o que aqui na casa do demônio. Mete o pé, vai embora. Eu não presto mesmo.
Tu não fala assim comigo não, que eu meto a mão na tua cara. Tá pensando o quê? Nem meu pai fala assim comigo.
Tenta vai, quero ver se tu consegue?
Ela tentou, ele segurou. Não houve mais brigas. Só o cheiro forte do álcool e cigarro, lágrimas, suores, arranhões, beijos, te amos, te adoros, não sei viver sem ti, por que tu fazes isto comigo, sexo e sono muito sono.

" Eu amava aquele homem. Mas as brigas começavam a caminho do café da manhã."

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O direito de morrer

Acabou de entrar em vigor em São Paulo a nova lei anti-fumo. É mais um a retórica do dizem, ex-fumante, José Serra. Eu também sou ex-fumante e sei muito bem os males do tabaco. Só acredito que esta lei está sendo mal conduzida. Proibiram até os fumódromos! Quer dizer que se um bar for criado apenas para ser frequentado por fumantes, não pode. Que mania horrorosa de se copiar tudo o que os americanos fazem. Maconha, cocaína e ectasy também são proibidos. E logo, logo cercearemos também a bebida alcóolica. E os chatos. E os impostos.( isto eu acho difícil...).
Preocupa-me muito a idéia de criar um mundo idílico onde nada pode, não existem problemas, como se tudo pudesse ser resolvido com uma canetada.
Na verdade eu acho que tudo isto parte de uma premissa onde as pessoas gostam de controlar o que os outros fazem, impondo-lhes o seu próprio estilo de vida. É difícil entender( por mais absurdo que pareça) que nem todos querem chegar aos cem anos.
Eu adoraria e tenho feito esforços para isto, ultimamente, é claro. Fumei muito, cheirei muito, transei muito, excessivamente reconheço. Agora analisem bem: becel sem sal, pão sem gordura e açúcar, frango grelhado, salada de alface, nada de coca-c0la, doces diet. This is my life.
Tem dias em que eu acordo e penso: eu tenho que comer tudo isto novamente? Sim, tenho é para o meu próprio bem ? E se eu não quiser ? É uma escolha também. Muitos me chamam de maluco. Concordo plenamente. Prefiro muito mais um Big Mac. But i can't. Sorry.
Agora e se amanhã o governo resolver proibir, ou cobrar impostos mais caros, de quem se alimenta com, digamos, poucas vitaminas ? Ahã, agora chegou até vocês, né? Cuidado hoje a perseguição é aos fumantes, amanhã.....Não, não é brincadeira, já existem projetos neste sentido em outros países. Se a moda pega...
Não dá para terminar o post sem uma historinha, né? A mais ou menos uns cinco anos, um repórter, ao ver o ator britânico Jeromy Irons acendo um "careta", questionou-o sobre o mau exemplo aos jovens. A resposta foi linda, sarcástica:
- Que estranha mania das pessoas em geral; querem viver para sempre.

domingo, 24 de maio de 2009

Diário de uma descasada, por Amanda Flores

Uma semana separada, ufa. Nunca pensei que fosse tão difícil. Durante toda a minha vida, pautei a minha vida sob os desejos de um homem. Se fazia um bife, o maior pedaço era o dele. Se ia ao cinema, ele escolhia o filme. A louça... eu lavava. Internet, só quando ele não estava. Na cama, só o que ele gostava. Gente, eu era uma Amélia em pleno século XXI.
Estou me sentindo como uma ex-presidiária redescobrindo a liberdade. Tenho até um pouco de medo de sair sozinha. Não sei como está o mercado. Não sei nem para aonde ir. Os bares e casas noturnas ainda tem preconceito com mulheres sozinhas? Acredito que sim. Preciso ligar para alguma amiga. Ontem um( como eu que falo? Cara, rapaz, homem? Estou meio desatualizada) ficou me olhando insistentemente quando eu passei próximo ao Rio Sul. Olhei para trás um pouco encabulada, ele fez que fosse que me seguir, quase saí correndo. Meu coração bateu forte. Ainda bem que eu estava com uma amiga. Ela estava falando no celular, nem percebeu. Na verdade se ele viesse na minha direção, eu acho que eu desmaiava. Parecia uma adolescente.
Pensando bem, acho que foi até melhor. Eu ainda estou muito machucada, magoada, juntando os caquinhos. Não sei se seria o melhor momento para iniciar alguma coisa. Preciso de um tempo para cuidar de mim, fazer uma yoga, dormir até mais tarde, ler um livro.
Gato escaldado, tem medo de água fria.
Ah, essa eu li no GLOBO esta semana:
A garota passeava no calçadão quando viu um menino de rua cheirando cola. Se assustou:
- Não se preocupa, eu não roubo NEXTEL não.

A que ponto chegamos.

sábado, 23 de maio de 2009

No woman, no cry por Amanda Flores

Gente, eu não sei vocês, mas eu sou uma manteiga derretida. Choro por qualquer coisa. Choro em casamentos, velórios, nascimento de bebê, divórcio, formaturas, Susan Boyle, no final do filme, no pôr do sol, menino de rua, shows...
Esta semana chorei vendo Marley e Eu, vendo um bandido inconsciente sendo espancado por policiais no Alabama, ao ler sobre a história do brasileiro Lúcio Oda que se enforcou em Massachusetts no dia 14, ao saber que um colega de trabalho assinou um aviso, ao visualizar a possibilidade de uma hispânica integrar a Suprema Corte americana, com o sofrimento dos desabrigados do Nordeste, assistindo a um vídeo do presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda...
E eu acho que isto é de família, pois somos todos chorões. Certa vez, li uma reportagem associando esta característica aos latinos, acompanhada da impulsividade. Ao longo do tempo, tenho tentado controlar minhas emoções, em alguns momentos elas acabam por denunciar-me, alguns julgam sinal de fraqueza.
De fato, mais importante que a emoção, são as ações que tomamos para mudar determinadas situações. De nada adianta emocionar-se, principalmente com as injustiças, e não fazer nada para mudar.

" Não pergunte o que seu país pode fazer por você, e sim, o que você pode fazer pelo seu país."
John Fitzgerald Kennedy

sexta-feira, 22 de maio de 2009

André Gonçalves

Alguns dizem que ele tem feeling. Outros chamam de fair-play. Muitos dizem que ele é cool. Ou será que é o joie de vivre ? Afinal, qual é o segredo de André Gonçalves ? Para quem não sabe eu conto tudinho.
Eu o conheci em 1997 no extinto Jumping Jack. Na ocasião, ele estava a todo vapor, cantando uma louraça no bar. E como ele consegue ?
Fácil, o André faz o que nenhum homem faz. É gentil, educado, cortês, bem-humorado, carinhoso, enfim um gentleman. E o mais importante, não fala de relacionamentos anteriores.
Não tem como não se apaixonar. Não reclama de nada, não fala mal de ninguém, não conta vantagem e sobretudo, não larga a mulher para ficar asstindo aos gols da rodada. Um verdadeiro Don Juan.
Quando a mulher sai com ele, é como se não existisse mais nada no mundo: ela se sente especial. No universo dele existe apenas a mulher apaixonada. Alguns amigos me dizem: mas Rodrigo, eu também faço isso.
Faz sim, na hora da conquista, antes de levar para a cama. O André é assim 24 horas. E dorme sorrindo. Uma vez eu estava numa festa no Recreio, um aniversário de um global que um amigo me levou, todo mundo bêbado. Em determinado momento, o André cochilou: estava sorrindo. Se alguém me contasse, não acreditava. Acorda mais cedo para preparar o café, traz na cama, massagem no pé, cafuné, paga a conta, abraça por trás e escova o dente, lava o cabelo. E repara na maquiagem, diz que tá linda, chora junto vendo comédia romântica, pede desculpa quando erra.
Formação? Nenhuma, ele é assim. Nasceu e foi criado na favela, mas não faz disso uma bandeira. Não ganha horrores, mas também não se faz de coitadinho.
Na sua rede já deitaram Cíntia Benini, Myrian Rios, Renata Sorrah, Alessandra Negrinni, Teresa Seiblitz, Carol Machado... A felizarda da vez é a sua colega de Caminho das Índias, Letícia Sabatella.
E os invejosos dizem: você fala assim porque não está com ele o tempo todo, ninguém pode ser tão bom assim. Quer laboratório melhor do que um reality show? No começo as pessoas até tentam compor um personagem, uma semana depois mostram o verdadeiro aspecto.
Na Casa dos Artistas ele era tudo aquilo e mais um pouco, lavava até a louça. Cíntia Benini não perdeu tempo.
E acaba sendo um ótimo exemplo para muitos estereótipos.
Mulher só gosta de homem bonito: ele não é feio, mas também não é nenhum Brad Pitt.
Mulher só gosta de dinheiro: a maioria das mulheres com quem ele se relacionou ganha(muito)mais do que ele.
Mulher gosta de homem bombado: que eu saiba, o único exercício que ele gosta é o levantamento de copo.
Agora tem um outro segredo que pouca gente sabe. Mas eu revelo aqui para os meus leitores.
Se você não tem nenhuma das qualidades anteriores, pode usar este último recurso, que atende pelo nome de SEXO TÂNTRICO.
Não sabe o que é ? Procura lá no GOOGLE.


" A melhor parte do amor é perder todo o senso de realidade."
Don Juan De Marco

Epílogo, por Amanda Flores.

Existem sentimentos que são impossíveis de serem expressados pelos homens. Não são confiáveis. Eu particularmente, prefiro a primeira pessoa. Por tudo isto apresento-lhes meu alter-ego, Amanda Flores. A partir de hoje, dividirá comigo a responsabilidade de escrever o blog.
" Hoje meu casamento acabou. Eu o sustentei por mais de dez anos. Sim, sustentei pois foi um fardo desde o início. Apesar de não estar ainda na meia-idade, nasci velha pois ainda acreditava que uma mulher tinha esse poder: mudar um homem.
Ninguém muda ninguém. Esta é uma decisão solitária. Durante todo este tempo, tive paciência, dialoguei, conversei, engoli sapos( minha garganta virou um brejo), suportei halitoses, álcool, drogas, falta de grana, desemprego, falta de sexo( oh, quantas noites!), humilhações, grosserias e o pior de tudo: a indiferença.
Ouvi pacientemente os pedidos de perdão, inúmeros, acreditei neles, cuidei na doença, na alegria, na tristeza, até cuecas lavei, coisa que mamãe nunca fez por papai. Enfim, fui me anulando como mulher, como cidadã, como ser humano. Quando olhei pacientemente no espelho, notei rugas, olheiras, já não era uma garotinha.
Mas apesar de tudo, bonita. Céus, eu ainda estava bonita. Não tinha barriga, nem celulite, raridade, apenas o cabelo perdeu um pouco do volume, a pele ressecada. Os homens ainda me olhavam na rua: era desejada.
Como deixei a situação chegar a este ponto? Agora entendo. Dentro de mim, ainda acreditava que casamento era para sempre. Sustentava-o como um mausoléu a ser cuidado, como se fosse um troféu. Só mulher faz isto, ainda por cima com orgulho: tenho tantos anos de casamento. Lembro-me de mamãe, sustentou a tristeza por vinte e cinco longos anos, até papai morrer. Minha tia também. E vovó. Nossa. Como eu as admiro. Como conseguiram ?
Lembrei de Malu Mulher, Susan Surandon em O Cliente. Hoje sinto-me livre. Coincidentemente, ao visualizar um pára-choque de caminhão, a frase mexeu comigo. "Não desanime, pois até um pé na bunda, leva você pra frente."
Hoje percebo claramente que ninguém é de ninguém. Não existe metade da laranja, alma gêmea, príncipe encantado, felizes para sempre. Mais importante que estar apaixonada, é respeito, dignidade, companheirismo, caráter(não existe mau-caráter,
assim como bom caráter: ou você tem caráter ou não tem); e acima de tudo confiança. Confiança é tudo. E taí uma coisa que eu nunca tive, sempre dormindo com o inimigo.
Fica o aprendizado.
- Por que caímos papai ?
- Para aprendermos a levantar.

" Ninguém pode fazer você se sentir inferior, sem o seu consentimento."
Eleanor Roosevelt

domingo, 17 de maio de 2009

Seu Manoel

Os passos são firmes, vigorosos. E rápidos. É encantador. Ele tem 83 anos. E trabalha. Todos os dias. Segunda à sábado. 12 às 22:00 hs. Trabalho braçal. É porteiro, zelador, faxineiro, pintor, jardineiro...
Quando o conheci , há uns 7 anos, eu pensava que trabalhava tanto para matar o tempo, fugir da rotina doméstica. E também não pensava que fosse tão idoso. Julgava no máximo 65. Virtudes da cor negra. Mas ainda faz planos. Quer reformar a casa. Comprar uns móveis novos.
Reservado, fala tão pouco. Há um ano descobri que sofreu um grande revese. Foi lesado por uma de suas filhas, , sua procuradora. A larápia fez empréstimos, comprou móveis, eletrodomésticos, roupas, tudo na conta do velhinho. E fugiu.
Foi uma das piores decepções da sua vida. Por isso trabalha tanto, precisa limpar o próprio nome.
Ontem o flagrei rabiscando uns palpites de loteria. Tomara que ganhe. Merece muito mais do que eu.

Mea Culpa

Jornalista pedindo desculpa é tão raro que a gente logo pensa: não deve ser jornalista. E não era mesmo. Na Veja então, muito menos. O episódio aconteceu na Vejinha. Calma, eu explico.
Na Veja da semana passada, Fernanda Torres, que é colunista, publicou um mea-culpa endereçado ao recém-falecido diretor de teatro Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido. Estava com remorso por ter escrito uma coluna citando a obra dele sem ao menos ter lido. Como não dá para pedir desculpa aos mortos, compreende-se o drama.
Eu fiquei comovido, porque quase ninguém faz isso. Dos jornais que eu leio, apenas a Folha. O Globo publica a réplica ao lado da tréplica. A Veja, às vezes, publica a réplica, também sempre com a tréplica. Mea Culpa de verdade mesmo, só a Folha.
E é uma coisa tão humana, tão essencial. Não tem nem duas semanas que o Supremo revogou a jurássica Lei de imprensa. Se por um lado foi bom, velho resquício da ditadura, agora não temos um parâmetro a nos nortear.
E precisamos, pois muitos jornalistas comportam-se como juízes ou piores, distorcendo entrevistas, publicando boatos, mentiras, com a certeza da impunidade. Às vezes destroem carreiras ou reputações. Ou ambas.
O que resta, ás vezes, é a mais fina ironia como no caso da Navratilova.
Martina Navratilova já havia escrito seu nome no Hall das maiores tenistas de todos os tempos, assim como uma grande ativista dos direitos dos homosexuais, quando um repórter perguntou :
- E aí Martina, continua lésbica ?
- Sim, enquanto a opção forem homens como você.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A roda da fortuna

Quem comentou foi a Marcinha na festa de um ex-BBB na Pampa Grill.
- É o sonho de toda Maria chuteira.
Como a minha visão estava meio turva, não consegui visualizar a próxima vítima.
- Cê tá falando de quem ?
- Está vendo aquele mulatinho ali, com o boné virado para trás e dentes metálicos ? Mal completou 18 anos. Está na idade boa.
- Boa ? Boa para quê ?
- Ora pra quê, Rodrigo. O que você acha que vim fazer aqui ? Comer brigadeiro, bombocado ou outros desses doces vagabundos de quermesse de paróquia suburbana ? Esperar dar uma hora da manhã, quando o anfitrião servirá esta torta vagabunda de padaria ? Preciso garantir o meu futuro.
- Futuro que eu saiba se garante na escola.
- Se eu gostasse de estudar, com certeza. Mas só de pensar em livro, fico toda empolada.
- Betty Friedan deve estar se revirando no túmulo.
- Esses novinhos são os melhores, ingênuos, não sabem a diferença entre loura natural e a de farmácia: tudo é novidade. São uns deslumbrados, gastam sem pena. Depois fica mais difícil.
- Como assim ?
- Ah Rô depois vem os empresários, procuradores, dirigentes esportivos ou até eles mesmos que já conhecem os nossos truques.
- Truques ?
- Truque, artimanha, mandinga ou coisa que o valha. Nem aceitam as nossas camisinhas.
- Por quê ?
- Seu bobinho, Maria chuteira que se preza não sai de casa sem um estoque de camisinhas. Furadas na ponta, naturalmente.
- Furadas na ponta ? Eu não sabia que vendiam camisinhas furadas.
- É claro que não né, Rô. Nós é que as furamos com uma agulha de costura.
- Que horror.
- Horror mesmo. Agora tudo ficou mais difícil. Depois do Novo Código Civil acabaram-se os casamentos por comunhão de bens. O único golp..digo jeito é.. o da barriga.
- É essa idéia que você faz da maternidade ?
- Criar filho custa caro. E é uma luta diária. Você sabe quantos treinos, jogos, peladas e afins eu tenho que assistir, cada dia num clube diferente? Para cada craque que eu jogo um charme, dez perna de paus que eu tenho que enxotar. Isto sem contar as festas chinfrins como esta aqui. Imagine que eu fui informada que este ex-BBB ia fechar a Pampa Grill; quando chego aqui esta mesinha mequetrefe cedida em troca de umas fotos na Caras da semana que vem.
- Estou vendo como o seu trabalho é árduo!
- E o pior de tudo são as conversas. Pagode, churrasco, cerveja, funk, mulher melancia. Só rezando muito pra minha santa padroeira.
- Desde quando você tem santa padroeira ?
- Tenho sim, eu e todas as marias-chuteiras deste Brasil varonil. A nossa Santa-Mor que nos incentiva e protege. Santinha Milene Domingues.
- Milene Domingues ? Não é a ex-mulher do Ronaldo Fenômeno ?
- Sim, ela mesmo, nossa ídola. Competentíssima, engravidou em menos de duas semanas. Que exemplo! Não durmo sem acender uma vela.
- Inacreditável. É o cúmulo.
- Um exemplo a ser seguido, ao contrário da outra, a burralda. Eu não dou uma sorte dessas.
- Que outra.
- Como que outra, a Susana Werner, né ? Ficou dois anos com o Ronaldinho e não teve a competência de fazer um filho.
- Mas ela não casou com um outro jogador, como é mesmo o nome dele... eu acho que jogou no Flamengo.
- Júlio César, goleiro.
Não tem nem comparação. Perto do Ronaldo, Júlio César é segundona né, grupo de acesso. Eu quero é desfilar no grupo especial, no desfile das campeãs, seleção brasileira. Por que eu comeria sardinha, se posso experimentar caviar.
- Tu não toma jeito Marcinha.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Infidelidade

Beatriz bateu lá em casa tarde da noite.
Rô, preciso de você.
- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando.
- Sério, descobri que o Bruno está me traindo.
- Lá vem você com jornal de ontem, tu não sabe que eu detesto
ler notícia velha.
- Vai me dizer que você já sabia ?
- Chérie, você não. Tu não é nenhuma garotinha. Homem fiel ? Até existe, mas é igual a Roberto Carlos de bermuda ou entrevistado do IBOPE: ninguém nunca viu.
- Tô passada.
- Tô brincando, é claro que existem homens fiéis, não são fáceis de encontrar, mas você não pode desistir.
- Tu sabe o que ele me sugeriu? Relacionamento aberto.
- E tu não caiu nesta não, né? Realmente eu preciso conversar com você, tá mais por fora do que cueca de super-homem. Deixa eu te explicar uma coisa: a traição em si não é o pior de tudo, a proposta indecorosa, sim. Se ao menos ele tivesse proposto no início do relacionamento, logo que te connheceu, teria sido honesto. A esta altura do campeonato?
- Mas ele disse que não consegue ficar com uma mulher só.
- E eu acredito, mas por que não falou isto antes?Só agora que você descobriu a infidelidade?
É aí onde acaba e começa toda a cretinice. A pior traição é a deliberada, planejada. Se ele já começou mentindo, dificilmente mudará. É como os botões de uma camisa. Errou um, erram-se todos. E quanto a relacionamento aberto, Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre já tentaram isso meio século atrás e hoje todos nós sabemos que era uma grande farsa.
Você me fez lembra uma entrevista da Marília Pêra, uns vinte anos atrás, onde o repórter perguntava se ela já tinha experimentado essa, digamos " amizade colorida ".
Ela respondeu sem pestanejar.
- Meu coração não aguenta.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Clube da Luta

Ainda sinto saudade, tanto tempo não a vejo. Meiga, romântica, fazia uma feijoada maravilhosa. Quase não falava de si mesma, mas um dia baixou a guarda. No fundo guardava uma melancolia.
- Ah Rodrigo, foi há tanto tempo. Eu era apaixonada pelo César.
- Quanto tempo ?
- Uns trinta anos.
- Sério ?
- Eu estou com 59.
- Não parece, eu não daria 50.
- Bondade sua, seu bobo. O fato é que mesmo depois de tudo o que aconteceu, às vezes eu ainda sonho com ele. Acredita ? Se não fosse aquela....tragédia. Acho que um de nós dois teria matado o outro.
- Tragédia? Como assim?
- Eu era uma adolescente magrinha, pernas de gambito mesmo, com um rabo de cavalo que ia até a altura da da cintura. Meus seios eram dois botões mirrados e ainda por cima cheia de espinhas. Tímida, quase não fazia amizade com as outras garotas. Até hoje não sei o que o César viu em mim.
Ele era órfão de mãe, e viva com uns tios no final da minha rua. Bonitão, com um cabelos louros ondulados, duns olhos verde-musgo, as garotas caíam em cima.
Um dia minha mãe fez um bingo lá em casa para arrecadar fundos para a paróquia do padre Ernesto. Eu ajudei a preparar uns doces, bolos e alguns salgadinhos para as pessoas beliscarem.
Tinha umas meninas ciscando para o lado dele, mas não saía do lado dos meus docinhos.
Por incrível que pareça em menos de seis meses estávamos casados, quem diria, naquela época as meninas ainda se levavam a sério.
Foi então que começou o meu inferno. Ele arranjou um emprego de mecânico em uma empresa de ônibus e após o trabalho parava no primeiro bar que encontrava pela frente. Mas isso era o de menos. Era um galinha incorrigível, cantava até vassoura encostada na porta.
Eu não conseguia dormir, ia atrás dele de bar em bar, armava escândalos, trancava a porta, ele arrombava e então brigávamos, quebrávamos tudo, fregueses constantes que éramos da delegacia do bairro.
Cansei de prestar queixa, para depois no dia seguinte retirar tudo. Ele dizia que ia parar, mas no dia seguinte começava tudo de novo.
Uma vez quase nos matamos, ele me empurrou, eu bati com a cabeça na mesa;começou a sangrar. Quando chegou perto para ver o que era, eu o esfaqueei na barriga.
Quando chegamos ao hospital, levado pelos vizinhos, a cena era hilária, trocávamos juras de amor, separados por tendas, preocupados que estávamos em perder um ao outro.
Ainda assim, vivendo como gato e rato, ficaríamos dez anos, hoje acredito que nunca teria coragem de deixá-lo, era pior que um vício.
Um dia eu estava em casa, olhando no relógio já preocupada porque ele não chegava, quando a notícia que eu menos esperava chegou: tantas vezes eu imaginei perdê-lo, mas para outra.
Ele estava consertando um ônibus, quando o mecanismo que mantinha suspenso o mesmo falhou, esmagando-o.
O pior de tudo para mim, é que não pude me despedir, pedir desculpa, como se fosse preciso, um adeus, sei lá.
Doei a maioria das roupas, objetos, ele já tinha sido tão marcante para mim, acabei relembrando Shakespeare:
" Guardar algo para que eu possa recordar-te, seria admitir que eu pudesse esquecer-te."

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Susan Boyle, Betty Friedan

Foi uma das maiores surpresas de 2009, fenômeno do youtube. Hoje sabemos que não foi surpresa nenhuma, a produção já sabia que ela era um fenômeno. O interessante foi ver ressuscitado o tema da feiúra, sem caricaturas. Embora a maioria das pessoas não admita, ela é um componente importante tanto em relacionamentos, como nas contratações empresariais.Exceto, é claro, nos concursos públicos. Não precisa procurar muito: apresentadores de tv, recepcionistas de restaurante, vendedores de loja, modelos, atrizes, beleza é fundamental como dizia o poetinha. É claro que toda regra tem exceção, e temos exemplos maravilhosos como a auto declarada feia e talentosíssima Marília Pêra.
Décadas atrás,em 1963, muito antes de Susan Boyle, acontecia um outro fenômeno, este literário: Betty Friedan lançava A Mística feminina. O livro era um hino de libertação feminista, mostrando ao mundo que elas não estavam mais satisfeitas com a alcunha " do lar". Sim, elas não estavam satisfeitas, mas Friedan enfrentou um preconceito ainda maior. Foi acusada de ser feminista por ser feia. Esta é uma acusação machista difícil de defender, mas Friedan não titubeou: este era mais um preconceito velado, as mais belas não eram mais felizes.
Já na década de 60, Shere Hite, lançou o Relatório Hite, abalando as estruturas sexuais do mundo. Para quem imaginava um embate entre Hite, loura e bela, com Friedan, a surpresa:
" Eu não acho que deva desprestigiá-la-disse Friedan. Sua beleza dá legitimidade à causa."

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cândido

No Brasil nós não temos muito o costume de saber o significado dos nomes ao escolhê-los. Acabam prevalecendo modismos, laços familiares, homenagens aos santos, muito comun no Nordeste e em alguns casos, nas classes menos favorecidas, esdrúxulas combinações de sílabas,constrangedoras para o futuro da criança.
Mas no Oriente, nenhum nome é dado sem antes pesquisar o significado. O meu, descobri a pouco tempo, tem origem germânica e significa, cheio de glória. Alguns anos atrás, o Globo Repórter mostrou uma reportagem curiosa sobre o significado dos nomes, pesquisando nas pessoas algumas características peculiares e pertinentes aos nomes de alguns entrevistados.Foi interessante acompanhar o estilo de vida de SEVEROS, JUSTOS, PAIXÃO, IMACULADA,VITÓRIA, entre outros. Em alguns casos a coincidência chegava a ser espantosa. Como eu acredito muito no poder das palavras, gostei muito da reportagem.
Certa vez ao ser perguntado numa entrevista o que achava do então vice-presidente das Organizações Globo, Boni, o diretor Daniel Filho não titubeou: " O Boni fez muita coisa boa, mas também fez o Boninho."
Durante eu muito tempo eu me perguntei por que algumas empresas de atendimento ao público mantêem em seu quadro, funcionários mal-humorados, arrogantes e impacientes. Devem achar que o talento acaba prevalecendo em detrimento do bom atendimento ao público.
Esse era o meu caso toda vez que tinha que ir sacar um cheque na agência do Unibanco da Taquara na av. Nelson Cardoso. Uma funcionária do caixa extremamente petulante, intrigava-me. Até que apareceu o Cândido. Funcionário novo, vinte e três anos, sorridente, educado, prestativo, gente fina, atencioso, enfim Cândido.Tudo a ver, né?
Então eu entendi, que tudo na vida tem um lado bom. APESAR daquela loura mal-educada existe o CÂNDIDO.
O Boni fez o Boninho, mas também fez muita coisa boa.

Mentiras sinceras me interessam

Algumas pessoas tem grande dificuldade de lidar com suas emoções. Alardeiam que falam o que pensam, sem preocupar-se com as consequencias(será com trema ou sem trema), ainda não me acostumei com a nova ordem ortográfica.
Acontece que as nosssas palavras expressam a todo o momento também o nosso ponto de vista, comportamento, sensibilidade, preconceitos, enfim, não são apenas os outros que estão "ouvindo", nosso comportamento também está sendo analisado.
Assim como as roupas dizem mundo sobre quem a está vestindo, nossa forma de falar pensar e agir, acabam atuando como um espelho onde nossa imagem está sendo analisada a todo o momento.
Obviamente, não acho que isto tenha que ser usado como forma de preconceito e exclusão, e sim como um exemplo de que podemos melhorar a todo o instante.
Frequentemente as mulheres lidam com esta situações em relação a seus maridos. E os homens na maioria das vezes não conseguem perceber estes sinais, acabando por tornarem-se indelicados.
Quando elas perguntam : " Estou gorda, amor?", esperam uma única resposta, irretocável."Claro que não amor, de onde você tirou esta idéia?"Um exemplo de sutileza. Acredito sinceramente que isto deveria ser matéria escolar para ensinar aos nossos futuros Don Juans um pouco mais do coração feminino.
O mundo ficaria um pouco mais.....romântico.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Brava Gente Brasileira

Impossível não emocionar-se com a demonstração de alegria do carnaval brasileiro. Entra ano sai ano, o coração bate mais forte, o pulso acelera, as lágrimas rolam. Ainda mais para mim, morando aqui na presidente vargas, ao lado do sambódromo.
Infelizmente tudo tem um custo, principalmente social, que não pode ser ignorado. O nosso subdesenvolvimentismo aflora em cada momento. As ruas não tem banheiros químicos suficientes, muito menos lixeiras. Pela manhã, o que se vê é um mar de lixo e urina por toda a parte. Os mais abonados ficam nos luxuosos camarotes ou no alto dos carros; as rainhas de bateria, em sua maioria são loiras platinadas, em detrimento das mulatas da comunidade. Aos desfavorecidos, resta ensaiar na quadra durante três ou quatro meses antes para ganhar a fantasia, ou pagar mais barato por um lugar nos setores 1, 11 e 13, os piores.
Hoje pela manhã caminhando pela presidente vargas, não pude deixar de emocionar-me com as dezenas de famílias de camelôs dormindo, extasiados, jornada ingrata, em todos os cantos.
A julgar pelos péssimos investimentos em educação dos políticos brasileiros ainda vair perdurar por muito tempo.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

carnaval

Estava tudo pronto, logo ela que adorava carnaval. Apesar de morar no Rio nunca tinha passado o carnaval na marquês de sapucaí; comprou dois ingressos, comemoraria o aniversário de namoro.
É claro que não seria tão fácil assim. Faltava convencer o namorado, pouco afeito a folias carnavalescas. Pelo menos era isso o que ele confessava nestes onze meses de relacionamento. Em uma conversa decisiva convidou-o para a festa. Realmente não foi desta vez. Explicou que não conseguia imaginar uma festa que durasse doze horas. E ela entendeu as razões, tinha uma ponta de verdade. Convidou uma amiga e foi, toda serelepe rumo à avenida.
O espetáculo era realmente tudo o que falavam, na primeira escola ficou maravilhada; era muito melhor do que na tv. A melhor parte era quando a bateria se aproximava; impossível ficar parada. Máquina digital à tiracolo não sabia se assistia à tudo ou documentava.
E foi então que um inesperado abreviou a sua festa, uma enxaqueca terrível, dessas que a gente só tem uma vez no ano, obrigou-a deixar a avenida às pressas rumo ao conforto do lar; só conseguiur ver duas escolas.
Foi quando descobriu que o namorado não odiava o carnaval tanto como dizia: encontrou-o ainda na sala, fantasiado, confetes, serpentinas, maquiado, branco igual a giz de cera, com uma garota, tão parecida com você.
Não houve palavras, nem despedidas, nem choro, nem vela.
Desilusão é uma coisa boa: significa que você não está mais iludida.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O Poder dentro de Você

Muitos diziam que era impossível

Tantos tentaram e não conseguiram

Ah, mas no Brasil é assim mesmo

Só entra quem tem q.i. ( quem indica)

Se todo mundo está fazendo eu vou fazer também

Se tem sucesso passou por cima de alguém

Mas você resolveu mudar

Em uma noite sonhou ser vitorioso

Decidiu terminar aquele casamento fracassado

de décadas

Decidiu procurar um novo emprego,

mesmo depois dos quarenta

Ainda dá tempo de ter um filho

Se apaixonou pela primeira vez em muitos anos

Descobriu que tem homens que gostam de gordinhas

Cantou a garota mais bonita da escola e

ela é agora a sua garota

Decidiu ir para a faculdade na meia-idade

Parou de fumar, quando nem mesmo você acreditava

E então percebeu quanto tempo esteve perdido,

dependendo dos outros

Porque não acreditava em seus próprios sonhos

Agora realmente começou a viver

Não aceita mais aquele salário de fome

Aquela pessoa que não te merece

Aquele apertamento que quando você entra, o cachorro

tem que sair

Não quer mais esperar aquela promoção prometida

há tempos e que você sabe que não vai chegar porque

ali não é o seu lugar

Não vai fazer aquele concurso para uma área que você

detesta só porque todo mundo está fazendo e paga bem.

Vai fazer o que gosta

E vai ganhar muito bem porque será um ótimo profissional

E vai finalmente descobrir depois de muitos anos

Que a felicidade existe e é maravilhosa.