" Passava da meia-noite quando eu acordei sobressaltada, estiquei o braço e não o vi ao meu lado. A porta entreaberta deixava entrar um vento gelado e a cachorra latia no quintal. Fui até o portão dos fundos, no quintal, que estranhamente estava escancarado. Estava muito escuro, então eu vi um vulto no quintal perto da árvore e falei:
- Já está fumando escondido de novo, né ? Tu não sabe que essa porcaria só te faz mal ?
Achei estranho porque ele não se mexia e eu não conseguia enxergar nem a fumaça, muito menos a brasa do cigarro. Aproximei-me e então vi a pior cena da minha vida.
- O meu velho, por que fizeste isso com você ? "
Não são poucas as pessoas que, sabendo que eu trabalho com veneno, pedem-me para matar insetos, ratos, pulgas e outros. Invarialvelmente a resposta é a mesma :
- Infelizmente não posso, é perigoso e sabe como é...algumas pessoas...fazem besteiras.
Nem sempre sou compreendido, muitos até deixam de falar comigo. Tudo bem, eu entendo. Não foi diferente com aquela menina simpática e sorridente que vendia umas empadas deliciosas. Bem que eu tinha notado seu olhar um tanto triste.
- Ah Rodrigo, tá cheio de ratos no quintal da minha casa, tu podia me arranjar um pouco.
Diante da minha negativa com posterior explicação dos motivos ela começou a chorar.
- O que aconteceu, por que você está chorando ?
- Meu pai se enforcou na sexta-feira.
- Meu sentimentos, não fica assim. Eu vou orar por ele. E por você. Conte comigo.
`As vezes, como as mães para com os seus filhos, é preciso dizer não para as pessoas queridas. Até para protegê-las delas mesmas.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Um tributo ao Dino e à yorkshire assassinada.
Na semana em que uma cadelinha foi assinada por sua dona- uma enfermeira, pasmem ! -, um tributo a todos os animais de estimação.
Eu gostaria de conhecer o nome da yorkshire, seu dia a dia. Certamente sua vida não era a de um cachorro de madame. Literalmente levava uma vida de cão. Se eu fosse cristão diria ' Deus do céu, como ela teve coragem ? '. E na frente da própria filha. Não acredito em vingança e nem acho que aprisioná-la fará com que ela fique melhor. Acho sinceramente que ela precisa de tratamento, internação inclusive. Porque alguém que faz o que ela fez com um ser indefeso não pode estar em seu juízo perfeito. Ana Beatriz Barbosa está certa quando diz que o psicopata mora ao lado. O que me consola é que agora ela não pode mais fazer nenhum mal à cachorrinha.
As pessoas me perguntam se eu como budista acredito em anjos. Acredito sim, não em anjos alados , mas em anjos que andam por aí na Terra espalhando luz e alegria para as pessoas. Humanos ou não. O Dino era assim. Pensem em um gato carinhoso. Ele era mais do que isso. O tempo todo. Não era egoísta, brincava o dia inteiro, dengoso, não dava trabalho, dormia no teu colo, quase que sorrindo, feliz da vida. Eu lembro que sempre que eu ia visitar minha irmã, lá estava ele no portão a recepcionar as visitas e conduzir até a casa. Sempre que a Luciana saía ele ficava aguardando, não arredava o pé até que ela voltasse.
Qualquer um podia estar triste, era só chegar perto do Dino e o mundo se iluminava, que criatura maravilhosa, parecia que estava dizendo ' obrigado por me acolherem, amo todos vocês, não vou viver muito, por isso quero aproveitar cada minuto '. O Dino se foi hoje e é chorando que eu escrevo este post, porque ele era tão novo, seis anos apenas, e não faz nem uma semana que o veterinário disse que ele estava com câncer. Foi rápido eu sei, um anjo desses não mereceria ficar sofrendo por muito tempo.
" Sometimes I think that I know ( Às vezes eu penso que sei)
What love's all about ( sobre o que se trata o amor )
And when i see the light ( e quando vejo a luz )
I know I''ll be all right " ( sei que estarei bem )
Neil Young
Alguns seres vivem mas já morreram faz é tempo. Outros se foram, mas permanecem no coração da gente.
Eu gostaria de conhecer o nome da yorkshire, seu dia a dia. Certamente sua vida não era a de um cachorro de madame. Literalmente levava uma vida de cão. Se eu fosse cristão diria ' Deus do céu, como ela teve coragem ? '. E na frente da própria filha. Não acredito em vingança e nem acho que aprisioná-la fará com que ela fique melhor. Acho sinceramente que ela precisa de tratamento, internação inclusive. Porque alguém que faz o que ela fez com um ser indefeso não pode estar em seu juízo perfeito. Ana Beatriz Barbosa está certa quando diz que o psicopata mora ao lado. O que me consola é que agora ela não pode mais fazer nenhum mal à cachorrinha.
As pessoas me perguntam se eu como budista acredito em anjos. Acredito sim, não em anjos alados , mas em anjos que andam por aí na Terra espalhando luz e alegria para as pessoas. Humanos ou não. O Dino era assim. Pensem em um gato carinhoso. Ele era mais do que isso. O tempo todo. Não era egoísta, brincava o dia inteiro, dengoso, não dava trabalho, dormia no teu colo, quase que sorrindo, feliz da vida. Eu lembro que sempre que eu ia visitar minha irmã, lá estava ele no portão a recepcionar as visitas e conduzir até a casa. Sempre que a Luciana saía ele ficava aguardando, não arredava o pé até que ela voltasse.
Qualquer um podia estar triste, era só chegar perto do Dino e o mundo se iluminava, que criatura maravilhosa, parecia que estava dizendo ' obrigado por me acolherem, amo todos vocês, não vou viver muito, por isso quero aproveitar cada minuto '. O Dino se foi hoje e é chorando que eu escrevo este post, porque ele era tão novo, seis anos apenas, e não faz nem uma semana que o veterinário disse que ele estava com câncer. Foi rápido eu sei, um anjo desses não mereceria ficar sofrendo por muito tempo.
" Sometimes I think that I know ( Às vezes eu penso que sei)
What love's all about ( sobre o que se trata o amor )
And when i see the light ( e quando vejo a luz )
I know I''ll be all right " ( sei que estarei bem )
Neil Young
Alguns seres vivem mas já morreram faz é tempo. Outros se foram, mas permanecem no coração da gente.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Once upon a time , por Amanda Flores.
Houve uma vez uma garotinha.
Que esperava por príncipes, homens perfeitos, cavalos brancos. Fazia dietas milagrosas, usava roupas de griffe, parcelava no cartão.
Eu sinceramente, acreditava nisso. Vivia uma ilusão de que os homens eram responsáveis por minha felicidade. Agradava-os, anulando a mim mesma. Ouvia-os, confortava, perdoava, esquecia, voltava, ajudava, sempre em detrimento de meus sonhos. Uma babydoll pós- moderna.
E nessa busca desenfreada, louca, subversiva, terminei por anular-me, tornado-se um espectro daquela meninha que achava que podia mudar o mundo.
Mas o tempo passou e caindo eu aprendi. Que podia valorizar-me E que ser feliz só dependia de mim mesma.
Há muito eu deixei de buscar milagres para a minha vida. Viver é o próprio milagre.
Que esperava por príncipes, homens perfeitos, cavalos brancos. Fazia dietas milagrosas, usava roupas de griffe, parcelava no cartão.
Eu sinceramente, acreditava nisso. Vivia uma ilusão de que os homens eram responsáveis por minha felicidade. Agradava-os, anulando a mim mesma. Ouvia-os, confortava, perdoava, esquecia, voltava, ajudava, sempre em detrimento de meus sonhos. Uma babydoll pós- moderna.
E nessa busca desenfreada, louca, subversiva, terminei por anular-me, tornado-se um espectro daquela meninha que achava que podia mudar o mundo.
Mas o tempo passou e caindo eu aprendi. Que podia valorizar-me E que ser feliz só dependia de mim mesma.
Há muito eu deixei de buscar milagres para a minha vida. Viver é o próprio milagre.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Estou guardando o que há de bom em mim, por Amanda Flores.
A ciência ainda não consegue explicar satisfatoriamente o mecanismo que, ativado pelas drogas lícitas e ilícitas, transforma as pessoas que as usam em seres completamente diferentes. Quem já conviveu ou convive com alcoólatras e dependentes químicos como eu sabe o que estou falando. Na maioria das vezes é realçado apenas o aspecto negativo, como agressividade, mau humor e agressões. O que quase ninguém fala é que algumas pessoas também ficam "melhores".
Longe de mim incentivar o uso dessas substâncias, ainda que não sejam conhecidas seus efeitos deletérios em quem nunca as usou. Mas quem não conhece o ranzinza que ficou simpático, o pão-duro que ficou perdulário, o inimigo que virou amigo.
Eu tive um namorado assim. Sóbrio ele era insuportável. Quando bebia, amável, doce, companheiro, amigo, gentil e educado. Nem dá para imaginar, né ? Nunca me esquecerei da primeira vez que ele disse que me amava:
- Amor, me desculpa só te dizer isso agora, bêbado. Um dia eu falo sem álcool na cabeça.
Esse dia nunca chegou. Claro que nem sempre ele ficava assim, cool, às vezes era agressivo como todos os pés- de- cana. Mas isso era muito raro. Eu acho até incrível que eu nunca o tenha incentivado a beber. Muito pelo contrário, lutei anos para que ele parasse.
Hoje mesmo a gente não estando mais junto, eu fico feliz que ele esteja abstêmio. Infelizmente ficou como efeito colateral, o mau humor, a rabugice. Pior do que alguém conviver com ele, deve ser ele mesmo ter que acordar todo dia consigo mesmo.
Ainda assim, não guardo mágoa nem dele nem de nenhum dos meus ex. Como diz Roberto Carlos em A Volta, eu prefiro guardar o que há de bom nas pessoas que passaram em mimha vida.
P.S.: " O rapaz vai na casa da ex-mulher numa tentativa de reconciliação:
- Meu amor, eu pensei melhor, vamos voltar ? Não se lembra dos nossos bons momentos ?
- Lembro sim, afinal foram tão poucos.
Longe de mim incentivar o uso dessas substâncias, ainda que não sejam conhecidas seus efeitos deletérios em quem nunca as usou. Mas quem não conhece o ranzinza que ficou simpático, o pão-duro que ficou perdulário, o inimigo que virou amigo.
Eu tive um namorado assim. Sóbrio ele era insuportável. Quando bebia, amável, doce, companheiro, amigo, gentil e educado. Nem dá para imaginar, né ? Nunca me esquecerei da primeira vez que ele disse que me amava:
- Amor, me desculpa só te dizer isso agora, bêbado. Um dia eu falo sem álcool na cabeça.
Esse dia nunca chegou. Claro que nem sempre ele ficava assim, cool, às vezes era agressivo como todos os pés- de- cana. Mas isso era muito raro. Eu acho até incrível que eu nunca o tenha incentivado a beber. Muito pelo contrário, lutei anos para que ele parasse.
Hoje mesmo a gente não estando mais junto, eu fico feliz que ele esteja abstêmio. Infelizmente ficou como efeito colateral, o mau humor, a rabugice. Pior do que alguém conviver com ele, deve ser ele mesmo ter que acordar todo dia consigo mesmo.
Ainda assim, não guardo mágoa nem dele nem de nenhum dos meus ex. Como diz Roberto Carlos em A Volta, eu prefiro guardar o que há de bom nas pessoas que passaram em mimha vida.
P.S.: " O rapaz vai na casa da ex-mulher numa tentativa de reconciliação:
- Meu amor, eu pensei melhor, vamos voltar ? Não se lembra dos nossos bons momentos ?
- Lembro sim, afinal foram tão poucos.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
O Natal de todo dia.

Eu não sou cristão, mas adoro o Natal. Não comemoro como o nascimento de Jesus Cristo, mas como uma época de confraternização. Infelizmente na maioria das vezes as pessoas passam o ano todo digladiando-se para, apenas nesta época, deixarem as diferenças de lado e mostrarem alguma comunhão. Nem sempre dá certo é verdade, são épicos em muitas famílias os barracos de natal. Preconceitos, diferenças, mágoas, inveja, dívidas não pagas; nada passa em branco. O consolo é que o Natal é só uma vez no ano. Imagine uma família com todos esses predicados morando junto. Como diria uma amiga minha, eu não daria um mês para voarem no pescoço um do outro.
Eu lembrei desse espírito natalino hoje ao ver, mais uma vez, um grupo religioso entregar quentinhas para os mendigos da avenida Presidente Vargas. Eu tenho reservas quanto a este ato de humanidade; acho que eles ficam acomodados. Mas como não se emocionar? Sim, porque eles não fazem isso apenas no Natal. É todo dia. O Betinho dizia que quem tem fome tem pressa. Num país em que muita gente vive da ajuda do governo
( faculdades filantrópicas, igrejas que não pagam impostos, filhas de militares, viúvas novas, artistas das lei Rouanet, agricultores e seus subsídios, montadoras multinacionais, entre tantos outros), estas sopas talvez sejam a maneira que uma parcela privilegiada encontrou de expiar a sua culpa.
P.S. : Certa ocasião a empresária e filantropa Yvonne Bezzerra de Mello que faz um trabalho lindo há décadas com meninos infratores, estava jantando em um restaurante chique da Zona Sul do Rio quando ouviu o seguinte comentário. " Olha lá aquela que cuida das crianças que vão nos matar."
domingo, 27 de novembro de 2011
De amor e de sombra, por Isabel Allende

Esta é a história de uma mulher e de um homem que se amaram profundamente, salvando-se assim de uma existência vulgar. Eu a levei na memória conservando-a para que o tempo não a desgastasse e é só agora, nas noites frias desse lugar, que finalmente posso contá-la. Eu o farei por eles e por outros que me confiaram suas vidas dizendo: toma, escreve, para que o vento não o apague.
sábado, 26 de novembro de 2011
Simplesmente Jorge

Tenho horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte, mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo-santo. Possuo, no entanto, um cemitéro meu, pessoal, eu o construí e inaugurei há alguns anos quando a vida me amadureceu o sentimento. Nele enterro aqueles que matei, ou seja, aqueles que para mim deixaram de existir, morreram: os que um dia tiveram minha estima e a perderam.
Quando um tipo vai além de todas as medidas e de fato me ofende, já com ele não me aborreço, não fico enojado ou furioso, não brigo, não corto relações, não lhe nego o cumprimento. Enterro-o na vala comum de meu cemitério - nele não existem jazigos de família, túmulos individuais, os mortos jazem em cova rasa, na promiscuidade da salafrarice, do mau-caráter. Para mim o fulano morreu, foi enterrado, faça o que faça já não pode me magoar.
Raros enterros - aindabem! - de um pérfido, de um perjuro, de um desleal, de alguém que faltou à amizade, traiu o amor, foi por demais interesseiro, falso, hipócrita, arrogante - a impostura e a presunção me ofendem, fácil. No pequeno e feio cemitério, sem flores, sem lágrimas, sem um pingo de saudade, apodrecem uns tantos sujeitos, umas poucas mulheres, uns e outras varri da memória, retirei da vida.
Encontro na rua um desses fantasmas, paro a conversar, escuto, correspondo às frases, às saudações, aos elogios, aceito o abraço, o beijo fraterno de Judas. Sigo adiante, o tipo pensa que mais uma vez me enganou, mal sabe ele que está morto e enterrado.
Navegação de Cabotagem, págs. 3 e 4.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Baixada Fluminense.
Não são poucas as promessas que somos condicionados a fazer pelos nossos pais na infância. Voltar cedo para casa, não fumar, não brigar na escola, respeitar o professor. A maioria não é cumprida, obviamente, é parte do processo educacional a contestação de regras.
Eu nunca esquecerei de uma quando eu tinha uns 8 ou 9 anos que mamãe me obrigou a fazer, na verdade um juramento.
- Jure.- ela afirmou.
- Tá mãe, eu juro. Mas por quê ?
- Por que é perigoso.
Confesso que não dei muita bola, não que eu não quisesse cumprir, mas porque eu nunca fui fã de moto.
Se bem que uma coisa é você comprar uma moto, na maioria das vezes em dezenas de meses, outra é você ganhar. Pois é, eu recebi uma novinha, numa promoção de jornal. Nem assim fui tentado a ficar com ela. Vendi ainda na concessionária.
Ontem eu fui a um lugar que eu nunca tinha ido na vida, São João de Meriti na Baixada Fluminense. Dentro do ônibus, presenciei um acidente gravíssimo com uma moto e um caminhão. O rapaz ficou caído no chão todo machucado, quando uma cena rara me fez chorar. O motorista da carreta desceu, desesperado, preocupadíssimo, como se fosse um filho dele ou um parente, quase uma mãe. Agarrou-o, cuidando e providenciando ajuda pelo telefone.
A gente sabe que as atitudes ruins são a regra, mas são as exceções que nos fazem felizes e permitem, ainda, a acreditar nas pessoas.
Eu nunca esquecerei de uma quando eu tinha uns 8 ou 9 anos que mamãe me obrigou a fazer, na verdade um juramento.
- Jure.- ela afirmou.
- Tá mãe, eu juro. Mas por quê ?
- Por que é perigoso.
Confesso que não dei muita bola, não que eu não quisesse cumprir, mas porque eu nunca fui fã de moto.
Se bem que uma coisa é você comprar uma moto, na maioria das vezes em dezenas de meses, outra é você ganhar. Pois é, eu recebi uma novinha, numa promoção de jornal. Nem assim fui tentado a ficar com ela. Vendi ainda na concessionária.
Ontem eu fui a um lugar que eu nunca tinha ido na vida, São João de Meriti na Baixada Fluminense. Dentro do ônibus, presenciei um acidente gravíssimo com uma moto e um caminhão. O rapaz ficou caído no chão todo machucado, quando uma cena rara me fez chorar. O motorista da carreta desceu, desesperado, preocupadíssimo, como se fosse um filho dele ou um parente, quase uma mãe. Agarrou-o, cuidando e providenciando ajuda pelo telefone.
A gente sabe que as atitudes ruins são a regra, mas são as exceções que nos fazem felizes e permitem, ainda, a acreditar nas pessoas.
domingo, 20 de novembro de 2011
Best Thing I Never Had, por Amanda Flores.

Faz sucesso no Brasil uma música da Beyoncé chamada Best Thing I Never Had. Eu traduziria como A melhor coisa que eu nunca tive, ou a melhor coisa que nunca me aconteceu. Fala de um amor que não chegou a dar certo por que ela descobriu que ele não era um cara legal. É uma balada. Engraçado como nós brasileiros adoramos um xarope. Nos EUA a música, assim como cd não fizeram muito sucesso. Faço parte da turma das adocicadas.
Mas voltando ao single, me fez lembrar não dos amores que não deram certo, mas dos amores que poderiam ter funcionado. Sabe aquele flerte de fila de supermercado, metrô, colega de trabalho, que você fica imaginando " ah se eu pudesse, o meu dinheiro desse, se ele me quisesse..." Muitas vezes o interesse é recíproco, mas você é casada, ou está namorando, ou não tem tempo.
Tive vários amores assim, platônicos. Alguns são meus amigos até hoje, e conversamos sempre sobre nossa platonice. Quase sempre chegamos a conclusão que foi melhor assim, guardaríamos a fantasia de um sonho que não aconteceu.
Algumas amigas minhas só chegaram a esta conclusão depois de separadas, quando o estrago já estava feito, " ah Amanda, eu deveria ter apenas namorado, ele é um amigo maravilhoso, mas péssimo marido." O pior são aquelas que exclamam " eu só atraio homem casado". Ora, homem casado tem DNA, fica com ele quem quer. Quando chegam com aquela conversa marota de que tem horário para chegar em casa, marca de aliança no dedo, fim de semana compromissado...tô fora.
Até porque, não dá pra namorar todas as pessoas interessantes que existem da Terra, né ? O seu é único, especial, maravilha, valorize. E fique com a nostalgia dos outros que ficaram pelo caminho. Faz parte.
" Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade."
Bertrand Russel.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Budismo Nitiren
A recitação do NAM-MYOHO-RENGUE-KYO ou daimoku é a base do Budismo Nitiren. Transmite paz, segurança, força, coragem assim como promove a transformação do karma. Eu pratico há vinte e quatro anos e é a única coisa regular que tenho feito nas duas últimas décadas, além de comer, ler e dormir.
Milhares de pessoas tem experimentado a recitação do mantra com significativas mudanças em suas vidas. Às vezes me perguntam se existe uma imposição para a prática diária e eu digo que não. No meu caso existe sim, uma necessidade. Eu preciso da meditação para controlar os meus impulsos irascíveis, ansiedade, impaciência e mau humor. Sem a oração, quando o Brasil real emerge com seus avanços de sinal, corrupção, furas-fila, burocracia, acabo mostrando para as pessoas o meu lado negro da força.
Certa ocasião durante uma entrevista para a PLAYBOY, o ator Bruce Willis foi confrontado com uma pergunta sobre os seus 6 seguranças:
"- Qual a finalidade de tantos homens para proteger um ator filmes de ação, praticante de artes marciais?"-, perguntou o repórter.
Ele respondeu que tinha muita dificuldade de lidar com determinados fãs e tinha medo de perder o controle com alguns deles e acabar com algum processo na justiça. Faz sentido.
Parafraseando Bruce Willis, não faço daimoku para me proteger das pessoas. Faço daimoku para proteger as pessoas de mim.
Milhares de pessoas tem experimentado a recitação do mantra com significativas mudanças em suas vidas. Às vezes me perguntam se existe uma imposição para a prática diária e eu digo que não. No meu caso existe sim, uma necessidade. Eu preciso da meditação para controlar os meus impulsos irascíveis, ansiedade, impaciência e mau humor. Sem a oração, quando o Brasil real emerge com seus avanços de sinal, corrupção, furas-fila, burocracia, acabo mostrando para as pessoas o meu lado negro da força.
Certa ocasião durante uma entrevista para a PLAYBOY, o ator Bruce Willis foi confrontado com uma pergunta sobre os seus 6 seguranças:
"- Qual a finalidade de tantos homens para proteger um ator filmes de ação, praticante de artes marciais?"-, perguntou o repórter.
Ele respondeu que tinha muita dificuldade de lidar com determinados fãs e tinha medo de perder o controle com alguns deles e acabar com algum processo na justiça. Faz sentido.
Parafraseando Bruce Willis, não faço daimoku para me proteger das pessoas. Faço daimoku para proteger as pessoas de mim.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Zezé di Camargo e Luciano, por Amanda Flores
Impossível não se emocionar com a briga e reconciliação de Zezé di Camargo e Luciano, mesmo quem não é fã da dupla. Assistindo a entrevista dos dois no Fantástico, ficamos sabendo que no auge da discussão, o Zezé exclamou: pode ir embora, ninguém vai sentir a sua falta. Imagine ouvir do seu irmão, independente do que motivou a briga.
Depois do desenlace( o Luciano não admitiu mas é óbvio que quem mistura Rivotril com uísque está querendo se matar, ainda que de uma maneira involuntária), dois dias na UTI, eu só posso chegar a uma conclusão: O Zezé deu muita sorte. Explico melhor.
Imagine como iria ficar a cabeça dele se o Luciano tivesse morrido. Por mais que fizesse terapia, orasse, esse remorso iria corroê-lo pelo resto da vida. Eu tive um namorado que durante anos tinha pesadelos horríveis. Acordava durante a noite perguntando pela mãe falecida, pedindo perdão. Depois de muito tempo ele acabou confessando que quando ela morreu estavam brigados. E por um motivo bobo, birra infantil. Obviamente, não é fácil. Mas o objetivo é sempre esse, evitarmos ao máximo despedirmo-nos das pessoas com palavras desagradáveis.
Se tiver que brigar, brigue. Mas, acima de tudo, faça as pazes.
Depois do desenlace( o Luciano não admitiu mas é óbvio que quem mistura Rivotril com uísque está querendo se matar, ainda que de uma maneira involuntária), dois dias na UTI, eu só posso chegar a uma conclusão: O Zezé deu muita sorte. Explico melhor.
Imagine como iria ficar a cabeça dele se o Luciano tivesse morrido. Por mais que fizesse terapia, orasse, esse remorso iria corroê-lo pelo resto da vida. Eu tive um namorado que durante anos tinha pesadelos horríveis. Acordava durante a noite perguntando pela mãe falecida, pedindo perdão. Depois de muito tempo ele acabou confessando que quando ela morreu estavam brigados. E por um motivo bobo, birra infantil. Obviamente, não é fácil. Mas o objetivo é sempre esse, evitarmos ao máximo despedirmo-nos das pessoas com palavras desagradáveis.
Se tiver que brigar, brigue. Mas, acima de tudo, faça as pazes.
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Tecnologia que aproxima, modernidade que afasta
Cinco mil amigos no facebook, 500 seguidores no Twitter. Dormindo sozinho no sábado à noite. Apesar das vantagens das maravilhas tecnológicas, sentimo-nos cada vez mais sozinhos.
E por quê ? Porque Facebook compartilha, mas não afaga. Twitter comenta, mas não consola. Email divulga, mas não conforta.
Obviamente eu não sou contra os avanços da modernidade. Facilitam, ajudam, simplificam e, principalmente, encantam com suas inovações futurísticas. Mas nunca serão substitutos de ternura, amor, amizade e sentimentos que não podem nem devem ser engavetados. Mais do que compartilhar uma foto, comentar uma notícia ou cutucar um flerte, não devemos esquecer que os momentos mais importantes são aqueles que nenhuma máquina ou interface poderá suprir: aqueles em que, ainda que ninguém esteja vendo, guardam na memória algo mágico, terno, afetuoso e, sobretudo, real.
E por quê ? Porque Facebook compartilha, mas não afaga. Twitter comenta, mas não consola. Email divulga, mas não conforta.
Obviamente eu não sou contra os avanços da modernidade. Facilitam, ajudam, simplificam e, principalmente, encantam com suas inovações futurísticas. Mas nunca serão substitutos de ternura, amor, amizade e sentimentos que não podem nem devem ser engavetados. Mais do que compartilhar uma foto, comentar uma notícia ou cutucar um flerte, não devemos esquecer que os momentos mais importantes são aqueles que nenhuma máquina ou interface poderá suprir: aqueles em que, ainda que ninguém esteja vendo, guardam na memória algo mágico, terno, afetuoso e, sobretudo, real.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Makiguti e sua relevância histórica
Poucas pessoas conhecem a história do professor japonês Tsunessaburo Makiguti. Uma pena. Seus valores, suas crenças e, sobretudo, sua coragem em denunciar as injustiças deveriam seguir de exemplo num tempo em que a convivência pacífica tem sido usada como pretexto para varrermos para debaixo do tapete comportamentos errôneos que, na maioria das vezes, corroem organizações que se pretendem reformadoras. Explico melhor.
Makiguti foi um reformista. Fundador da Soka Gakkai, organizaçao leiga que promove o Budismo em mais de 190 países, morreu em uma prisão japonesa na década de 40 por opor-se à unificação religiosa imposta pelo governo militarista japonês. Tendo dedicado sua vida à educação, Makiguti combateu firmemente a postura de alianças com comportamentos erráticos, em nome de um bem maior, tão bem propagada por Maquiavel e o seu os fins justificam os meios.
Para isso, era necessário coragem para denunciar veementemente os traidores da pátria que incentivavam o militarismo, os falsos amigos, as falhas de caráter. E por que isto é tão atual?
Porque num mundo dominado pelo relativismo, tornou-se comum tolerarmos "pequenos deslizes", em nome de um falso pluralismo que tende a passar por cima de desvios éticos em nome de um objetivo maior que validaria tais atitudes. E olha que eu nem estou falando de questões político-partidárias, embora venha ao caso em nosso momento político.
Mais do que nunca é preciso incentivar as boas práticas de relações humanas em detrimento dos conchavos, tapinha nas costas e sorrisos amarelos anunciadores de falsas promessas.
" Se você não tem coragem de ser inimigo do mal, então não pode ser amigo do bem."
Tsunessaburo Makiguti
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Ele dormia sorrindo, por Amanda Flores
Depois de ler este post aí embaixo eu não teria como não lembrar do Sandrinho. Eu não sei se é circunstância da minha vida ou característica da humanidadade em geral, mas cabe a pergunta: por que algumas pessoas, aquelas especiais, que marcaram, somem, desaparecem?
Na era da internet, até parece um contrasenso, mas é verdade, Nem email, telefone, endereço, referências, amigos em comum, nada. As pessoas desagradáveis, rancorosas, maledicentes, antipáticas, essas estão em todo lugar, não precisam de convite, proliferam a cada esquina.
Como eu poderia falar do Sandrinho? O Sandrinho morou comigo uns seis meses, mas nunca tivemos nada, amizade mesmo, embora muita gente não acredite. Nessa época ele namorava uma garota que nunca me apresentou, mas sempre falava dela. Prestativo, brincallhão, amigo-uma vez ele cismou de arrumar e pintar o apartamento todo, imagine-ficou lindo.
Mas o que mais me impressionou nele foi uma característica que eu nunca mais vi em ninguém. Certa vez ao chegar em casa tarde da noite eu encontrei-o dormindo no chão da sala, no chão que loucura, e ele nem estava bêbado, na verdade ele não bebia. E eu fique observando a cena quando reparei: ele estava sorrindo.
Eu nunca tinha visto isso. Alguém que sorrisse enquanto dormia. Passou a ser o meu passatempo. Volta e meia eu o pegava dormindo-sorrindo e ficava lá, um tempão observando como se fosse a coisa mais bonita do mundo. E para mim era, assim como um pôr-do-sol.
Tem uns seis anos que ele se mudou e eu nunca mais o vi, mas de vez em quando eu lembro do sorriso e do sono tranquilo de quem não fez mal a ninguém, o sono dos justos.
Na era da internet, até parece um contrasenso, mas é verdade, Nem email, telefone, endereço, referências, amigos em comum, nada. As pessoas desagradáveis, rancorosas, maledicentes, antipáticas, essas estão em todo lugar, não precisam de convite, proliferam a cada esquina.
Como eu poderia falar do Sandrinho? O Sandrinho morou comigo uns seis meses, mas nunca tivemos nada, amizade mesmo, embora muita gente não acredite. Nessa época ele namorava uma garota que nunca me apresentou, mas sempre falava dela. Prestativo, brincallhão, amigo-uma vez ele cismou de arrumar e pintar o apartamento todo, imagine-ficou lindo.
Mas o que mais me impressionou nele foi uma característica que eu nunca mais vi em ninguém. Certa vez ao chegar em casa tarde da noite eu encontrei-o dormindo no chão da sala, no chão que loucura, e ele nem estava bêbado, na verdade ele não bebia. E eu fique observando a cena quando reparei: ele estava sorrindo.
Eu nunca tinha visto isso. Alguém que sorrisse enquanto dormia. Passou a ser o meu passatempo. Volta e meia eu o pegava dormindo-sorrindo e ficava lá, um tempão observando como se fosse a coisa mais bonita do mundo. E para mim era, assim como um pôr-do-sol.
Tem uns seis anos que ele se mudou e eu nunca mais o vi, mas de vez em quando eu lembro do sorriso e do sono tranquilo de quem não fez mal a ninguém, o sono dos justos.
Brigas e perdas.
Chegou com aquele jeitinho de bezerro desmamado, pálpebras caídas, olhar melancólico, sorriso contido. Busquei seu coração:
- Que foi ? Vocês brigaram, né?
- Como nunca antes.
- Mas você ainda gosta dele?
- Da mesma forma como quando o conheci.
- E não é isto que realmente importa? Algumas pessoas tem essa necessidade de ficar um tempo sozinhas. É um momento introspectivo, reflexivo, por muitas vezes necessário; buscar na mente a referência particular.
- Eu não tenho essa preferência. Prefiro refletir a dois.
- Entendo. Eu também. Acredito que por ter passado muito tempo sozinho, procuro na maioria das vezes estar junto. A não ser que eu esteja dormindo.
- É que eu fico conjecturando. Na verdade eu fico imaginando coisas, querendo saber em que está pensando...
- Compreendo, mas isto é impossível. Você nunca saberá o que alguém está pensando. A não ser que ele te diga. E ainda assim você precisa acreditar. Mas eu acho que isto não é uma questão fundamental. Mais do que confiar no outro, você precisa aprender a confiar em si mesma.
- E se ele for embora?
- Guarde o que ficou.
- Como assim ?
- Guarde os bons momentos, os risos, os abraços, as fotos, a lembrança. E você perceberá que mesmo as pessoas que nos abandonam deixam guardados dentro da gente algo místico, que é só dela, único, que fará com que a nossa visão de mundo seja enriquecida, talvez nem tanto como experiência, mas também ternura.
- Ainda assim prefiro ele.
- Então não desista e lute.
Os conselhos são de graça, mas o nosso coração, somos nós quem conhecemos.
- Que foi ? Vocês brigaram, né?
- Como nunca antes.
- Mas você ainda gosta dele?
- Da mesma forma como quando o conheci.
- E não é isto que realmente importa? Algumas pessoas tem essa necessidade de ficar um tempo sozinhas. É um momento introspectivo, reflexivo, por muitas vezes necessário; buscar na mente a referência particular.
- Eu não tenho essa preferência. Prefiro refletir a dois.
- Entendo. Eu também. Acredito que por ter passado muito tempo sozinho, procuro na maioria das vezes estar junto. A não ser que eu esteja dormindo.
- É que eu fico conjecturando. Na verdade eu fico imaginando coisas, querendo saber em que está pensando...
- Compreendo, mas isto é impossível. Você nunca saberá o que alguém está pensando. A não ser que ele te diga. E ainda assim você precisa acreditar. Mas eu acho que isto não é uma questão fundamental. Mais do que confiar no outro, você precisa aprender a confiar em si mesma.
- E se ele for embora?
- Guarde o que ficou.
- Como assim ?
- Guarde os bons momentos, os risos, os abraços, as fotos, a lembrança. E você perceberá que mesmo as pessoas que nos abandonam deixam guardados dentro da gente algo místico, que é só dela, único, que fará com que a nossa visão de mundo seja enriquecida, talvez nem tanto como experiência, mas também ternura.
- Ainda assim prefiro ele.
- Então não desista e lute.
Os conselhos são de graça, mas o nosso coração, somos nós quem conhecemos.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Pra mim, pra você, por Amanda Flores
Naquele tempo ele ainda era bom.
Juntávamos palitos de sorvete kibon que depois ele, com habilidade, transformava em aviões, cinzeiros, arranjos florais, assim como subíamos em árvores como trepadeiras, ele dizia. Eram tardes afoitas, eu com indisfarçáveis vestidos de chita, sandálias havaianas ou descalça, para desespero de vovó que não entendia sorrisos espontâneos nem amores esporádicos.
Eu buscava em seus abraços a compreensão de um mundo particular, tão puro, tão meu e, ao mesmo tempo tão entregue a sobressaltos, horários irregulares, beijos roubados e suores noturnos. É claro que naquela época eu não fazia idéia da brevidade das nossas incursões paradisíacas, muito menos das lembranças que tais momentos proporcionariam décadas mais tarde, não como refúgio, mas como bálsamo para uma realidade desfavorável.
Era um tempo de certezas, comedimentos, experiências e, acima de tudo, conhecimento. Eu era como tela incompleta à espera de pinceladas suaves, imprecisas e delicadas que ao seu toque, derretia-me como uma vela acesa.
De como o álcool mudou uma cumplicidade preestabelecida, pouco importa. A cena que eu guardei no meu baú, foi a do seu sorriso doce, alegre, espontâneo e que durante uma tempo em minha juventude, eu compartilhei como se nunca fosse perdê-lo.
Juntávamos palitos de sorvete kibon que depois ele, com habilidade, transformava em aviões, cinzeiros, arranjos florais, assim como subíamos em árvores como trepadeiras, ele dizia. Eram tardes afoitas, eu com indisfarçáveis vestidos de chita, sandálias havaianas ou descalça, para desespero de vovó que não entendia sorrisos espontâneos nem amores esporádicos.
Eu buscava em seus abraços a compreensão de um mundo particular, tão puro, tão meu e, ao mesmo tempo tão entregue a sobressaltos, horários irregulares, beijos roubados e suores noturnos. É claro que naquela época eu não fazia idéia da brevidade das nossas incursões paradisíacas, muito menos das lembranças que tais momentos proporcionariam décadas mais tarde, não como refúgio, mas como bálsamo para uma realidade desfavorável.
Era um tempo de certezas, comedimentos, experiências e, acima de tudo, conhecimento. Eu era como tela incompleta à espera de pinceladas suaves, imprecisas e delicadas que ao seu toque, derretia-me como uma vela acesa.
De como o álcool mudou uma cumplicidade preestabelecida, pouco importa. A cena que eu guardei no meu baú, foi a do seu sorriso doce, alegre, espontâneo e que durante uma tempo em minha juventude, eu compartilhei como se nunca fosse perdê-lo.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Dez anos sem Jorge Amado
Uma pena. Um comentariozinho aqui, uma resenha acolá, notas pequenas, miúdas explicam o país sem memória. Parece que foi ontem né Zé, se me permite a intimidade. Com você aprendi a amar a Bahia, mesmo sem conhecê-la, o Pelourinho, o acarajé, os tambores, a culinária, o falar manso, a indumentária, a religiosidade, o teu ateísmo combatente enriquecido pelo candomblé.
Fôssemos justos, exposição, mostra, teu cinema, artigos pessoais, fotografias, depoimentos. Para não dizer incólume, terás uma homenagem na Bienal do Livro e redenção no teu centenário em 1912.
Mereces sim, Jorge, todas as homenagens, nosso escritor universal, contador de histórias, sobretudo do povo, coadjuvante, tantas vezes, alçado a protagonistas, não em uma, mas todas as histórias, não sem explicitar teu falar, com riqueza melódica.
Engraçado é que não sinto tua falta, porque perpetuaste tua existência, é como não tivesses partido. Ao sabor de minha estante, Gabriela, Dona Flor, Tieta, Terras do Sem Fim, tantos, que bom.
Se a cada povo coube a expressão de cada escrito, como a Rússia de Dostoiévsky, a Argentina de Borges, a América de Whitman, a nós coube Jorge Amado, brasileiro por excelência, em toda a sua plenitude, que por bem soube retratar a trajetória de seu povo," a luta do cacau fez-me um romancista."
Sei que é pouco Jorge, mas ao tempo pretendo mais- e por que não ?- compartilhar futuramente, pérolas de teus escritos, assim sinto-me reconfortado, em tua memória, toda a minha reverência.
sábado, 13 de agosto de 2011
De sonhos e despedidas
Não podia ser verdade, não era possível.
- Mas você disse que me amava. Nós fizemos planos. Eu contei pra todo mundo. Mais que issso : eu acreditei em você.
Uma conversa difícil. Como se fosse compreensível achar um culpado.
- As nossas músicas, os nossos momentos. Eu não compreendo.
- Eu não posso. Acho que eu me equivoquei. Estou meio sem tempo. Desculpa, talvez eu não seja a pessoa certa. Não sei. Estou meio confuso. É que é tudo muito novo pra mim. Talvez eu esteja precisando de um tempo só meu. Eu não queria te magoar, de verdade.
- Sei, durante dois meses você me proporciona um conto de fadas, e agora assim, de uma hora pra outra, você termina tudo? E ainda quer que eu esqueça o que a gente viveu?
- Está sendo difícil pra mim também.
- Ah, está sendo difícil pra você também? É você que está terminando comigo. É você que está jogando tudo fora. Mas tudo bem. Eu vou me recuperar. Mas deixa eu te falar uma coisa: da próxima vez que você não tiver certeza sobre o que está sentindo, fica calado tudo bem ?
Quando disseres " Eu te amo", seja sincero. Algumas pessoas acreditam.
- Mas você disse que me amava. Nós fizemos planos. Eu contei pra todo mundo. Mais que issso : eu acreditei em você.
Uma conversa difícil. Como se fosse compreensível achar um culpado.
- As nossas músicas, os nossos momentos. Eu não compreendo.
- Eu não posso. Acho que eu me equivoquei. Estou meio sem tempo. Desculpa, talvez eu não seja a pessoa certa. Não sei. Estou meio confuso. É que é tudo muito novo pra mim. Talvez eu esteja precisando de um tempo só meu. Eu não queria te magoar, de verdade.
- Sei, durante dois meses você me proporciona um conto de fadas, e agora assim, de uma hora pra outra, você termina tudo? E ainda quer que eu esqueça o que a gente viveu?
- Está sendo difícil pra mim também.
- Ah, está sendo difícil pra você também? É você que está terminando comigo. É você que está jogando tudo fora. Mas tudo bem. Eu vou me recuperar. Mas deixa eu te falar uma coisa: da próxima vez que você não tiver certeza sobre o que está sentindo, fica calado tudo bem ?
Quando disseres " Eu te amo", seja sincero. Algumas pessoas acreditam.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Off-line
Minha amiga Márcia chegou lá em casa feliz da vida. Namorado novo, trazia um sorriso que não deixava dúvidas.
- Felicidade pouca é bobagem - afirmei.
- Não posso é negar, é verdade - ela continou - mas como você sabe, nada nesta vida vem por inteiro né?
- Lá vem você inventando problemas. Mal começou o namoro.
- Longe de mim. Mas qualquer um desconfiaria.
- Explica melhor.
- Simples. Ele não tem Facebook, Orkut, MSN, Twitter, email, nada. Dá pra acreditar nisso?
- Não é normal. Mas também não é nada do outro mundo. Provavelmente ele não liga para essas coisas.
- Pode ser mas eu fiquei encucada.
- E o que ele faz da vida.
- Nada.
- Como assim, ele não trabalha?
- Então, ele nada. Ele é salva-vidas.
- Engraçadinha.
- E o celular dele só vive desligado.
- Tu achas que ele é casado?
- A minha preocupação nem é essa.
- E qual é?
- Na verdade Rodrigo, o fato dele viver off-line me deixa sem defesa.
- Sem defesa?
- É que eu não posso vigiá-lo.
- Felicidade pouca é bobagem - afirmei.
- Não posso é negar, é verdade - ela continou - mas como você sabe, nada nesta vida vem por inteiro né?
- Lá vem você inventando problemas. Mal começou o namoro.
- Longe de mim. Mas qualquer um desconfiaria.
- Explica melhor.
- Simples. Ele não tem Facebook, Orkut, MSN, Twitter, email, nada. Dá pra acreditar nisso?
- Não é normal. Mas também não é nada do outro mundo. Provavelmente ele não liga para essas coisas.
- Pode ser mas eu fiquei encucada.
- E o que ele faz da vida.
- Nada.
- Como assim, ele não trabalha?
- Então, ele nada. Ele é salva-vidas.
- Engraçadinha.
- E o celular dele só vive desligado.
- Tu achas que ele é casado?
- A minha preocupação nem é essa.
- E qual é?
- Na verdade Rodrigo, o fato dele viver off-line me deixa sem defesa.
- Sem defesa?
- É que eu não posso vigiá-lo.
sábado, 28 de maio de 2011
Thor
É fato público e notório a antipatia da Veja por Caetano, Chico e outros nomes da MPB. Esquerdistas são as palavras mais singelas. Além da perseguição pura e simples, baniu faz tempo qualquer menção positiva ao trabalho desses grandes artistas. Até aí nenhuma novidade. Carmem Miranda padeceu da mesma coisa, assim como Tom Jobim, com o provincianismo e a pequenez de jornalistas que se acham deuses. Paulo Coelho há anos é execrado no Brasil, mesmo sendo considerado um grande escritor lá fora.
Agora vejam só quem é a capa da Veja Rio desta semana: Thor, filho de Eike Batista, o homem mais rico do Brasil. E o que ele tem a acrescentar ? Nada. A reportagem é de uma nulidade só. Acreditem, a reportagem inteira fala sobre as noitadas de Thor, a musculaçao de Thor, os livros que Thor não leu e nem lerá, a faculdade trancada, o supletivo que teve que fazer. Se alguém me contasse eu não acreditaria. Se ainda fosse na Caras...
Agora imagine falar mal do Caetano, do Gil, do Chico e dar uma capa para um rapaz que se orgulha de nunca ter lido um livro na vida.
É Roberto Civita, eu teria vergonha.
Agora vejam só quem é a capa da Veja Rio desta semana: Thor, filho de Eike Batista, o homem mais rico do Brasil. E o que ele tem a acrescentar ? Nada. A reportagem é de uma nulidade só. Acreditem, a reportagem inteira fala sobre as noitadas de Thor, a musculaçao de Thor, os livros que Thor não leu e nem lerá, a faculdade trancada, o supletivo que teve que fazer. Se alguém me contasse eu não acreditaria. Se ainda fosse na Caras...
Agora imagine falar mal do Caetano, do Gil, do Chico e dar uma capa para um rapaz que se orgulha de nunca ter lido um livro na vida.
É Roberto Civita, eu teria vergonha.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Lacraia
Foi de repente, como Michael, Heath Ledger e Cassia Eller. E doloroso como são as surpresas. A única diferença Lacraia, é que para ti, reservaram o anonimato, o rodapé dos jornais. Não tinhas o mesmo pedigree, o savoir faire. Viestes do subúrbio, cantavas funk e não tinha um padrão de beleza.
Contudo, tua presença foi tão revolucionária como o foi Benedita da Silva e seu "negra, mulher e favelada." Acresce que eras homossexual assumido, que coragem, logo aonde, no mundo machista e preconceituoso do funk e suas mulheres frutas. E tão corajoso foi também teu companheiro Serginho que durante dez anos ficou ao teu lado, levando alegria aos confins da periferia.
Não reservaram para ti o segundo caderno, nem o horário nobre, muito menos o São João Batista. Diria O Rappa que todo camburão tem um pouco de navio negreiro. Não só o camburão, mas os hospitais públicos, as lojas populares, a sarjeta e o Caju.
Ficará tua alegria, tua força e tua irreverência. Engraçado que quando fiquei sabendo, estava ouvindo pela primeira vez o novo single da Adele, que é lindo, mas tristíssimo, quase uma elegia.
Poderia ser Barber, Mozart ou How Can I Go On, mas fico mesmo com Someone like you.
Um beijo e fique em paz
Contudo, tua presença foi tão revolucionária como o foi Benedita da Silva e seu "negra, mulher e favelada." Acresce que eras homossexual assumido, que coragem, logo aonde, no mundo machista e preconceituoso do funk e suas mulheres frutas. E tão corajoso foi também teu companheiro Serginho que durante dez anos ficou ao teu lado, levando alegria aos confins da periferia.
Não reservaram para ti o segundo caderno, nem o horário nobre, muito menos o São João Batista. Diria O Rappa que todo camburão tem um pouco de navio negreiro. Não só o camburão, mas os hospitais públicos, as lojas populares, a sarjeta e o Caju.
Ficará tua alegria, tua força e tua irreverência. Engraçado que quando fiquei sabendo, estava ouvindo pela primeira vez o novo single da Adele, que é lindo, mas tristíssimo, quase uma elegia.
Poderia ser Barber, Mozart ou How Can I Go On, mas fico mesmo com Someone like you.
Um beijo e fique em paz
terça-feira, 10 de maio de 2011
O encontro
- Já seguiu alguém na rua Rodrigo ? -, perguntou meu amigo Jaime, como se isso fosse um procedimento comum.
- Pra mim isso é coisa de filme - respondi, achando graça de uma confissão tão particular.
Então você não conhece o que eu estou sentindo.
Meu amigo Jaime estava apaixonado como tantas outras vezes ao longo da nossa amizade. Mas confesso que dessa vez era diferente. Ele não estava tomado de um furor arrebatador tampouco permitia desatinos adolescentes. Tinha um olhar distante mas de uma calma madura de quem finalmente encontrara algo que há muito tempo precisava.
- Acho que pela primeira vez estou sendo amando de verdade. Sim, porque das outras vezes era eu que chorava, se entregava e dedicava. - os olhos dele brilhavam.
- Fico feliz por você. E quem é a felizarda ?
- Você não conhece, o nome dela é Adriana e tem 19 anos.
- Mas tão nova, você tem quase o dobro da idade dela.
- Pra você ver, logo eu que nunca fui de menininhas. Finalmente eu sou o primeiro amor de alguém.
- E isso é importante pra você ?
- Demais. Você não sabe o quanto é triste gostar de aguém, envolver-se e tão pouco tempo depois ouvir palavras como ' acho que ainda gosto do meu ex', ' ele foi o grande amor da minha vida', ' não posso jogar essa foto fora porque ele foi muito importante pra mim', ' ele foi meu primeiro homem'. Eu estava sempre em segundo ou terceiro plano. Tinha sempre uma sombra acompanhando meus relacionamentos ou eu nunca era bom o suficiente. Finalmente encontrei o amor da minha vida.
- Meu amigo Jaime isso é tão raro. A maioria das pessoas morre sem ter conhecido isso.
- Então você entende porque eu estou tão feliz.
Todo mundo deveria um dia amar assim.
" Eu nunca fui paixão de ninguém e sempre a tola apaixonada."
Fátima Guedes.
- Pra mim isso é coisa de filme - respondi, achando graça de uma confissão tão particular.
Então você não conhece o que eu estou sentindo.
Meu amigo Jaime estava apaixonado como tantas outras vezes ao longo da nossa amizade. Mas confesso que dessa vez era diferente. Ele não estava tomado de um furor arrebatador tampouco permitia desatinos adolescentes. Tinha um olhar distante mas de uma calma madura de quem finalmente encontrara algo que há muito tempo precisava.
- Acho que pela primeira vez estou sendo amando de verdade. Sim, porque das outras vezes era eu que chorava, se entregava e dedicava. - os olhos dele brilhavam.
- Fico feliz por você. E quem é a felizarda ?
- Você não conhece, o nome dela é Adriana e tem 19 anos.
- Mas tão nova, você tem quase o dobro da idade dela.
- Pra você ver, logo eu que nunca fui de menininhas. Finalmente eu sou o primeiro amor de alguém.
- E isso é importante pra você ?
- Demais. Você não sabe o quanto é triste gostar de aguém, envolver-se e tão pouco tempo depois ouvir palavras como ' acho que ainda gosto do meu ex', ' ele foi o grande amor da minha vida', ' não posso jogar essa foto fora porque ele foi muito importante pra mim', ' ele foi meu primeiro homem'. Eu estava sempre em segundo ou terceiro plano. Tinha sempre uma sombra acompanhando meus relacionamentos ou eu nunca era bom o suficiente. Finalmente encontrei o amor da minha vida.
- Meu amigo Jaime isso é tão raro. A maioria das pessoas morre sem ter conhecido isso.
- Então você entende porque eu estou tão feliz.
Todo mundo deveria um dia amar assim.
" Eu nunca fui paixão de ninguém e sempre a tola apaixonada."
Fátima Guedes.
domingo, 8 de maio de 2011
Adele
Acontece quase sempre da mesma forma. Estamos numa festa ou em uma roda de amigos e alguém comenta, fazendo-nos parecer ovnis :
- Você não conhece ? É um must, tá todo mundo ouvindo.
Quase sempre você já ouviu falar, por alto, um burburinho aqui e outro ali, mas tem sempre alguma coisa que passa desapercebida.
No meu caso foi na casa do Fabiano, pela voz do Wendel:
- Você precisa ouvir. Na Inglaterra ela já é o maior sucesso desde os Beatles. E na Billboard ela está há três meses em primeiro lugar, derrubando recordes de Beatles, Rolling Stones, Elvis, Madonna...
Então se você é fã de alguns desse ícones, fica logo se perguntado se não seria um exagero, que absurdo! Será isso tudo mesmo? Quem é esse som novo para justificar tamanha euforia?
Curiosos que somos, o Youtube está aí para isso, não nos resta outra atitude a não ser verificar se é compreensível, pelos menos no nosso ponto de vista tamanho alvoroço.
Na maioria das vezes é alarme falso, alguma música bonitinha, mas descartável que daqui há vinte anos teremos vergonha de falar para os nosso filhos que ouvíamos aquilo.
Mas às vezes, algo mágico acontece. Alguma coisa sensacional mexe com a nossa alma e a sensação deve ser a mesma que o descobridor de pérolas como Jacksons 5, Ray Charles, Elvis, Aretha Franklyn entre tantos outros deve ter sentido.
Então você tem a sensaçao de estar fazendo parte da história, ainda que anonimamente, como o fizeram seus pais e avós, quando falam, com os olhos brilhando, de quando ouviram pela primeira vez Is This Love, I Got a Woman, Hurricane, I can't get no...
A última vez que senti isso foi com Bad Romance e You know I'm no good. E então eu fico imaginando se eu estivesse falecido há dez anos.
A longevidade é uma dádiva.
- Você não conhece ? É um must, tá todo mundo ouvindo.
Quase sempre você já ouviu falar, por alto, um burburinho aqui e outro ali, mas tem sempre alguma coisa que passa desapercebida.
No meu caso foi na casa do Fabiano, pela voz do Wendel:
- Você precisa ouvir. Na Inglaterra ela já é o maior sucesso desde os Beatles. E na Billboard ela está há três meses em primeiro lugar, derrubando recordes de Beatles, Rolling Stones, Elvis, Madonna...
Então se você é fã de alguns desse ícones, fica logo se perguntado se não seria um exagero, que absurdo! Será isso tudo mesmo? Quem é esse som novo para justificar tamanha euforia?
Curiosos que somos, o Youtube está aí para isso, não nos resta outra atitude a não ser verificar se é compreensível, pelos menos no nosso ponto de vista tamanho alvoroço.
Na maioria das vezes é alarme falso, alguma música bonitinha, mas descartável que daqui há vinte anos teremos vergonha de falar para os nosso filhos que ouvíamos aquilo.
Mas às vezes, algo mágico acontece. Alguma coisa sensacional mexe com a nossa alma e a sensação deve ser a mesma que o descobridor de pérolas como Jacksons 5, Ray Charles, Elvis, Aretha Franklyn entre tantos outros deve ter sentido.
Então você tem a sensaçao de estar fazendo parte da história, ainda que anonimamente, como o fizeram seus pais e avós, quando falam, com os olhos brilhando, de quando ouviram pela primeira vez Is This Love, I Got a Woman, Hurricane, I can't get no...
A última vez que senti isso foi com Bad Romance e You know I'm no good. E então eu fico imaginando se eu estivesse falecido há dez anos.
A longevidade é uma dádiva.
domingo, 1 de maio de 2011
Celular
Eu já estava quase dormindo quando o Bruno chegou, santitante de felicidade. Por um momento eu lembrei do Sméagol de O Senhor dos Anéis quando fiscava um peixe. Obviamente, eu quis saber o motivo de tanta alegria.
- Olha o que eu acabei de achar-ele disse.
Era um celular touch screen E muito bonito por sinal. Nem me dei ao trabalho de conferir as funcionalidades.
- É claro que você vai devolver, né ?-falei.
O Carlinhos que estava do nosso lado interrompeu :
- Tira o chip logo antes que o dono bloqueie.
Inquietei-me na cadeira com medo que ele fosse persuadido pelo lado negro da força :
- Carlinhos não incentive o Bruno a cometer um ilícito. Bem sabemos que o certo é devolver o celular ao dono.
- Achado não é roubado. Quando você acha dinheiro você devolve ?-ele respondeu.
- É totalmente diferente. Por acaso dinheiro tem carimbo ? Celular o dono liga procurando.
E ficamos durante cinco minutos-eu e Carlinhos-tentando convencer o Bruno dos nossos pontos de vista. Foi quando o celular tocou Tomei a liberdade de atender e o Bruno não se opõs :
- Alô? Desculpe, é que esse celular é meu. Eu o perdi agora há pouco, você poderia...
- Fique calmo meu amigo, nós vamos te devolver. Você está aonde ? Anota o nosso endereço aí.
- Dez minutos depois chega um rapazinho de seus treze anos, rosto tenso e, ao mesmo tempo aliviado por ter recuperado o celular.
- Obrigado, muito obrigado.
- Agradeça ao meu amigo Bruno. Foi ele quem achou.
O Bruno abriu um sorriso :
- Só devolvi porque você é flamenguista. Se tu fosse vascaíno, não tinha nem chance.( O papel de parede do celular era do flamengo).
Depois que o garoto foi embora eu falei para o Bruno :
- Ah, Brunão eu fiquei tão emocionado. Tu viu como menino ficou feliz. Estou orgulhoso de você.
- Foi melhor mesmo, ele respondeu. Tu reparou que o vidro estava meio truncado...
Não basta ser honesto. Às vezes é preciso convencer os nossos amigos da honestidade deles.
- Olha o que eu acabei de achar-ele disse.
Era um celular touch screen E muito bonito por sinal. Nem me dei ao trabalho de conferir as funcionalidades.
- É claro que você vai devolver, né ?-falei.
O Carlinhos que estava do nosso lado interrompeu :
- Tira o chip logo antes que o dono bloqueie.
Inquietei-me na cadeira com medo que ele fosse persuadido pelo lado negro da força :
- Carlinhos não incentive o Bruno a cometer um ilícito. Bem sabemos que o certo é devolver o celular ao dono.
- Achado não é roubado. Quando você acha dinheiro você devolve ?-ele respondeu.
- É totalmente diferente. Por acaso dinheiro tem carimbo ? Celular o dono liga procurando.
E ficamos durante cinco minutos-eu e Carlinhos-tentando convencer o Bruno dos nossos pontos de vista. Foi quando o celular tocou Tomei a liberdade de atender e o Bruno não se opõs :
- Alô? Desculpe, é que esse celular é meu. Eu o perdi agora há pouco, você poderia...
- Fique calmo meu amigo, nós vamos te devolver. Você está aonde ? Anota o nosso endereço aí.
- Dez minutos depois chega um rapazinho de seus treze anos, rosto tenso e, ao mesmo tempo aliviado por ter recuperado o celular.
- Obrigado, muito obrigado.
- Agradeça ao meu amigo Bruno. Foi ele quem achou.
O Bruno abriu um sorriso :
- Só devolvi porque você é flamenguista. Se tu fosse vascaíno, não tinha nem chance.( O papel de parede do celular era do flamengo).
Depois que o garoto foi embora eu falei para o Bruno :
- Ah, Brunão eu fiquei tão emocionado. Tu viu como menino ficou feliz. Estou orgulhoso de você.
- Foi melhor mesmo, ele respondeu. Tu reparou que o vidro estava meio truncado...
Não basta ser honesto. Às vezes é preciso convencer os nossos amigos da honestidade deles.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Fome
Entrou no supermercado apressada. Sem uma lista em mãos, certeza de compras supérfluas. Tudo bem, era Páscoa mesmo. Colocava os produtos no carrinho sem olhar preços. Em pouco tempo não tinha mais espaço.
Foi logo para a fila antes que comprasse mais besteiras. Nesse momento sentiu alguém cutucar seu ombro. Virou o rosto para trás, era um menino de rua, com um pacote de biscoito na mão e um iogurte na outra.
- Tia, compra pra mim ?
A princípio assustou-se. Então lembrou-se que estava em um supermercado. Tranquilizada, pegou os produtos da mão do menino.
- Pode deixar filho. Eu pago pra você.
Já estava aliviada, quando foi interpelada pelo segurança da loja.
- Senhora, desculpe incomodá-la. Mas não deverias ajudar esse garoto. Todo dia ele está aqui e é por atitudes como a sua que ele sempre volta.
Encarou-o com seriedade, mas também ternura :
- Meu querido. Entendo o seu julgamento. E tenho plena consciência de que a minha atitude não resolverá o problema da juventude abandonada. Nem tenho essa pretensão. Tampouco pense você que a minha atitude é meramente filantrópica. É claro que a fome deixa-me com o coração partido. Mas enxergue na minha atitude também um instinto de sobrevivência. Concordarás comigo neste ponto. Se algum dia este jovem vier a assaltar alguém, tenha certeza que não serei eu a contemplada. Portanto, é melhor eu matar a fome aqui dentro do que a fome me matar lá fora.
Foi logo para a fila antes que comprasse mais besteiras. Nesse momento sentiu alguém cutucar seu ombro. Virou o rosto para trás, era um menino de rua, com um pacote de biscoito na mão e um iogurte na outra.
- Tia, compra pra mim ?
A princípio assustou-se. Então lembrou-se que estava em um supermercado. Tranquilizada, pegou os produtos da mão do menino.
- Pode deixar filho. Eu pago pra você.
Já estava aliviada, quando foi interpelada pelo segurança da loja.
- Senhora, desculpe incomodá-la. Mas não deverias ajudar esse garoto. Todo dia ele está aqui e é por atitudes como a sua que ele sempre volta.
Encarou-o com seriedade, mas também ternura :
- Meu querido. Entendo o seu julgamento. E tenho plena consciência de que a minha atitude não resolverá o problema da juventude abandonada. Nem tenho essa pretensão. Tampouco pense você que a minha atitude é meramente filantrópica. É claro que a fome deixa-me com o coração partido. Mas enxergue na minha atitude também um instinto de sobrevivência. Concordarás comigo neste ponto. Se algum dia este jovem vier a assaltar alguém, tenha certeza que não serei eu a contemplada. Portanto, é melhor eu matar a fome aqui dentro do que a fome me matar lá fora.
terça-feira, 19 de abril de 2011
Cibele Dorsa
Ele bebia e se drogava como o fazem aquelas pessoas que insistem em fazer de tudo para nos deixar, quando nós, se pudéssemos, moveríamos mundos e fundos para não perdê-las.
Sim, porque este é o objetivo: prover uma carga tão grande de tristeza e culpabilidade que, quando conseguem, levam consigo, também, uma parte, quando não um todo, das pessoas que o amavam.
E se você não tem uma base religiosa forte, uma força moral e filosófica edificante, viver torna-se algo angustiante e sem fim.
Pior que a perda, o remorso. Antes a dor, do que a angústia e o arrependimento de achar que poderia ter feito mais.
E como é fácil rotular e analisar quando nunca se viveu algo semelhante. Dia após dia olhar as fotos, conviver com as lembranças...
É preciso aprender a conviver com a perda, com a inevitabilidade da morte e, acima de tudo, com as pessoas queridas que insistem em querer apressá-la.
Sim, porque este é o objetivo: prover uma carga tão grande de tristeza e culpabilidade que, quando conseguem, levam consigo, também, uma parte, quando não um todo, das pessoas que o amavam.
E se você não tem uma base religiosa forte, uma força moral e filosófica edificante, viver torna-se algo angustiante e sem fim.
Pior que a perda, o remorso. Antes a dor, do que a angústia e o arrependimento de achar que poderia ter feito mais.
E como é fácil rotular e analisar quando nunca se viveu algo semelhante. Dia após dia olhar as fotos, conviver com as lembranças...
É preciso aprender a conviver com a perda, com a inevitabilidade da morte e, acima de tudo, com as pessoas queridas que insistem em querer apressá-la.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Os amores de Guilherme, por Pablo Santiago
Um galinha incorrigível. Não existe outra forma de descrever o meu amigo Guilherme. Mas isso era antes. Bem, deixa eu falar como a história começou.
Eu conheci o Guilherme uns dez anos atrás em seu "habitat natural" : na praia. Tudo bem que na época eu também não trabalhava, só que ele ainda era um V.A.S.P.( vagabundo anônimo sustentado pelos pais ), e eu nunca tive essa boa sorte.
Desde aquele tempo, meu amigo se dava bem com as mulheres. Nem todo mundo acredita, mas eu acho que isso tem a ver com a genética. Sim, é verdade, nunca ouvi falar de nenhuma escola que ensinasse sem-vergonhice, cara-de-pau, traquejo e um sorriso nos lábios que encantavam a mais sisuda das garotas. Era um dom que todos invejávamos( sim, eu e todos da "tchurma" que jogava futebol nas tardes das férias e nos dias em que matávamos aula).
Apesar de na época apenas estudar, a família do Guilherme nunca teve muito dinheiro, embora isso nunca fosse problema pra ele. Com sua lábia e uma cara de menino abandonado, aliado a um incrível bom humor, ele era convidado para todas as festas, dormia na casa de todo mundo, era a paixão das supostas futuras sogras e conquistava até os genros.
O engraçado é que essa fase idílica que durou praticamente toda a adolescência, prologou-se pela vida adulta, o que para mim não foi nenhuma surpresa, éramos tão amigos que eu chegava a conhecê-lo como um irmão que nunca tive.
Como ele não gostava muito de estudar, começou por emendar "bicos" atrás do outro, vendedor de shopping, desfiles de moda, pontas na Globo( na maioria da vezes entrava mudo e sai calado para o bem das produções) o que não era nenhum demérito, cada um contribui com o que tem de melhor. Era engraçado ouvi-lo contar pra todo mundo " não perde o capítulo hoje tem uma cena que eu tô surfando."
Claro que isso ajudava a sair com as garotas, mas não era tudo. Ele tinha mesmo um quê a mais e não só com as mulheres. Estava sempre sorrindo, nunca reclamava de nada e vivia como se não houvesse o amanhã.
Gentleman ele não era, o que encantava mesmo era a sua volubilidade. Saía com uma hoje, outra amanhã, namorava uma semana...assim ia o meu amigo Guilherme. Mas nunca soube de nenhuma mentira dele, nesse ponto era leal. Não prometia casamento, nem dizia que era comprometido, nem juras de amor eterno, nem escrevia cartas, muito menos telefonava no dia seguinte, uma memória péssima, não guardava datas nem fazia planos.
Vivia assim como quem não se importa com nada. Ainda assim, conseguia tudo o que queria. Dormia dias fora de casa, na casa de uma namorada nova. Ia pra Minas, Búzios, Arraial e só ligava quando já estava lá e não tinha mais jeito de alguém impedir alguma loucura.
Também nunca soube que tenha transado drogas, ou cigarro nada. Lembrando bem acho que eu nunca soube nem de bebida, isso mesmo, dizia que dava dor de cabeça.
Cansei de saber de garotas que se apaixonavam perdidamente, queriam casar, e ele fugindo como o diabo da cruz, emendando outro namoro, algumas a família até tinha dinheiro, mas ele nunca foi mercenário, nem ligava pra isso.
Por tudo isso é que eu fiquei surpreso com o que aconteceu.
A gente ficou um fim de semana sem se ver, eu acho que estava estudando para uma prova. Quando foi na terça-feira, eu estava dormindo, devia ser umas 7 horas da madrugada quando o telefone tocou, a cobrar. Na hora eu pensei, só pode ser o Guilherme pra ligar uma hora dessas, amigo é pra essas coisas.
Pra mim aquilo tudo era cômico. Meu amigo Guilherme, 26 anos, superior incompleto após vários períodos perdidos, mulherengo contumaz, dorminhoco que só ele, estava casado.
Realmente, não dava pra acreditar e emendei logo um " não acredito." E ele: é verdade Pablo, encontrei a mulher da minha vida, acho que sou o homem mais feliz do mundo.
Continuei não acreditando - Cê tá louco, deu pra beber agora depois de velho
- É verdade, meu brother casei ontem de tarde no cartório.
- Mas como isso foi acontecer ?
- Eu fui numa festa, na casa de uns gringos lá no Alto da Boa Vista, quando conheci a Bruna, uma lindeza cara, vinte aninhos, um sorriso lindo e pensei: tem que ser ela.
- Como assim tem que ser ela ? Eu nunca soube que você estava procurando alguém para casar.
- E não estava mesmo. Eu estava procurando a minha pérola. Sabe Pablo, no fundo eu não era feliz naquela vida de galinhagem, um homem precisa de um porto seguro. Por mais que eu namorasse, eu sentia um vazio muito grande, era como se estivesse faltando alguma coisa. Mas alguma coisa me dizia que existia alguém no mundo que iria me fazer desistir de levar aquela vida. Muitas vezes eu achei que era uma busca inglória, mas finalmente eu encontrei.
- Mas o que o fez ter tanta certeza e por que casou tão rápido, sem festa, sem nada, sem convidar os amigos.
- Foi tudo decisão dela. Quando a vi, perdi todos os sentidos, fui conversar, dei em cima mesmo, como fiz com todas as outras, embora a intenção fosse diferente. E então ela me olhou profundamente e me surpreendeu.
- Como assim ?
- Ela virou pra mim e disse : " Sei tudo sobre você." Você pode não acreditar Pablo, mas era verdade. Quando a vi eu senti uma paz tão grande, não dá pra explicar. Eu precisava estar com ela, tive medo de perder.
- E por isso casou ?
- Nunca tive tanta certeza de alguma coisa na minha vida.
E tem gente que não acredita em destino.
Eu conheci o Guilherme uns dez anos atrás em seu "habitat natural" : na praia. Tudo bem que na época eu também não trabalhava, só que ele ainda era um V.A.S.P.( vagabundo anônimo sustentado pelos pais ), e eu nunca tive essa boa sorte.
Desde aquele tempo, meu amigo se dava bem com as mulheres. Nem todo mundo acredita, mas eu acho que isso tem a ver com a genética. Sim, é verdade, nunca ouvi falar de nenhuma escola que ensinasse sem-vergonhice, cara-de-pau, traquejo e um sorriso nos lábios que encantavam a mais sisuda das garotas. Era um dom que todos invejávamos( sim, eu e todos da "tchurma" que jogava futebol nas tardes das férias e nos dias em que matávamos aula).
Apesar de na época apenas estudar, a família do Guilherme nunca teve muito dinheiro, embora isso nunca fosse problema pra ele. Com sua lábia e uma cara de menino abandonado, aliado a um incrível bom humor, ele era convidado para todas as festas, dormia na casa de todo mundo, era a paixão das supostas futuras sogras e conquistava até os genros.
O engraçado é que essa fase idílica que durou praticamente toda a adolescência, prologou-se pela vida adulta, o que para mim não foi nenhuma surpresa, éramos tão amigos que eu chegava a conhecê-lo como um irmão que nunca tive.
Como ele não gostava muito de estudar, começou por emendar "bicos" atrás do outro, vendedor de shopping, desfiles de moda, pontas na Globo( na maioria da vezes entrava mudo e sai calado para o bem das produções) o que não era nenhum demérito, cada um contribui com o que tem de melhor. Era engraçado ouvi-lo contar pra todo mundo " não perde o capítulo hoje tem uma cena que eu tô surfando."
Claro que isso ajudava a sair com as garotas, mas não era tudo. Ele tinha mesmo um quê a mais e não só com as mulheres. Estava sempre sorrindo, nunca reclamava de nada e vivia como se não houvesse o amanhã.
Gentleman ele não era, o que encantava mesmo era a sua volubilidade. Saía com uma hoje, outra amanhã, namorava uma semana...assim ia o meu amigo Guilherme. Mas nunca soube de nenhuma mentira dele, nesse ponto era leal. Não prometia casamento, nem dizia que era comprometido, nem juras de amor eterno, nem escrevia cartas, muito menos telefonava no dia seguinte, uma memória péssima, não guardava datas nem fazia planos.
Vivia assim como quem não se importa com nada. Ainda assim, conseguia tudo o que queria. Dormia dias fora de casa, na casa de uma namorada nova. Ia pra Minas, Búzios, Arraial e só ligava quando já estava lá e não tinha mais jeito de alguém impedir alguma loucura.
Também nunca soube que tenha transado drogas, ou cigarro nada. Lembrando bem acho que eu nunca soube nem de bebida, isso mesmo, dizia que dava dor de cabeça.
Cansei de saber de garotas que se apaixonavam perdidamente, queriam casar, e ele fugindo como o diabo da cruz, emendando outro namoro, algumas a família até tinha dinheiro, mas ele nunca foi mercenário, nem ligava pra isso.
Por tudo isso é que eu fiquei surpreso com o que aconteceu.
A gente ficou um fim de semana sem se ver, eu acho que estava estudando para uma prova. Quando foi na terça-feira, eu estava dormindo, devia ser umas 7 horas da madrugada quando o telefone tocou, a cobrar. Na hora eu pensei, só pode ser o Guilherme pra ligar uma hora dessas, amigo é pra essas coisas.
Pra mim aquilo tudo era cômico. Meu amigo Guilherme, 26 anos, superior incompleto após vários períodos perdidos, mulherengo contumaz, dorminhoco que só ele, estava casado.
Realmente, não dava pra acreditar e emendei logo um " não acredito." E ele: é verdade Pablo, encontrei a mulher da minha vida, acho que sou o homem mais feliz do mundo.
Continuei não acreditando - Cê tá louco, deu pra beber agora depois de velho
- É verdade, meu brother casei ontem de tarde no cartório.
- Mas como isso foi acontecer ?
- Eu fui numa festa, na casa de uns gringos lá no Alto da Boa Vista, quando conheci a Bruna, uma lindeza cara, vinte aninhos, um sorriso lindo e pensei: tem que ser ela.
- Como assim tem que ser ela ? Eu nunca soube que você estava procurando alguém para casar.
- E não estava mesmo. Eu estava procurando a minha pérola. Sabe Pablo, no fundo eu não era feliz naquela vida de galinhagem, um homem precisa de um porto seguro. Por mais que eu namorasse, eu sentia um vazio muito grande, era como se estivesse faltando alguma coisa. Mas alguma coisa me dizia que existia alguém no mundo que iria me fazer desistir de levar aquela vida. Muitas vezes eu achei que era uma busca inglória, mas finalmente eu encontrei.
- Mas o que o fez ter tanta certeza e por que casou tão rápido, sem festa, sem nada, sem convidar os amigos.
- Foi tudo decisão dela. Quando a vi, perdi todos os sentidos, fui conversar, dei em cima mesmo, como fiz com todas as outras, embora a intenção fosse diferente. E então ela me olhou profundamente e me surpreendeu.
- Como assim ?
- Ela virou pra mim e disse : " Sei tudo sobre você." Você pode não acreditar Pablo, mas era verdade. Quando a vi eu senti uma paz tão grande, não dá pra explicar. Eu precisava estar com ela, tive medo de perder.
- E por isso casou ?
- Nunca tive tanta certeza de alguma coisa na minha vida.
E tem gente que não acredita em destino.
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